Em Picos, novas técnicas ampliam produção de mel na cidade
Administrador em 04 de outubro de 2017
Durante a criação de abelhas, os apicultores piauienses da região de Picos, no Sul do Piauí, descobriram, nas áreas de roças, pequenas flores brancas de arbustos que estão salvando e alimentando suas colmeias. É a planta chamada amancebado.
Ao mesmo tempo, para enfrentar as sucessivas secas na região, os apicultores piauienses para manter a produção do mel orgânico, que os deixou famosos mundialmente, promovem migrações de suas colmeias para o Maranhão, Ceará e Pará. Nessas migrações, os apicultores piauienses descobriram que suas abelhas podem produzir mel consumindo néctar das flores das plantas das áreas de mangue.
A gerente comercial da Cooperativa Apícola de Macrorregião de Picos (Campil), Roseni Josefa de Moura, informa que os apicultores congregados pela entidade produziram 420 toneladas neste ano, 30% a mais do que a produção do ano passado, mesmo um inverno desfavorável.
Segundo ela, para enfrentar as sucessivas secas, os apicultores adotaram novas técnicas e procedimentos, como a migração das colmeias. Roseni Josefa de Moura falou que os apicultores da Campil são profissionais e fazem a migração de abelhas produzindo no Piauí, Maranhão, Ceará, Bahia e Pará. “Tendo as flores e o néctar para se alimentar, as abelhas se dão bem, independente da florada”, disse.
Roseni Josefa de Moura afirmou que os apicultores da macrorregião de Picos perceberam que começaram a surgir em vários campos apícolas pequenas flores brancas rasteiras, na época da florada do marmeleiro.
“Eu não tinha visto essas plantas e eu vi as abelhas colhendo néctar dessas novas plantas”, acrescentou, ao destacar que os cerrados e a caatinga, na região do Semiárido, têm uma grande biodiversidade em termos de plantas nativas.
A macrorregião de Picos tem mais de 6 mil apicultores. Suas abelhas têm no Piauí uma florada diversificada, como o marmeleiro, angico, bamburral, jitirana, além de outras flores.
Mas com a migração para o Ceará, as abelhas dos apicultores piauienses encontram outras plantas, como cipó-uva , vassourinha e velamizinho. No Maranhão, as abelhas encontram o hortelãzinho, que tem uma grande florada e as folhas das plantas do mangue. No entanto, nesse caso, as abelhas voltam ao Piauí muito desgastadas porque as flores do mangue fornecem o néctar, mas não o pólen, que usam para se alimentar.
No Pará, as abelhas encontram grandes floradas, principalmente na região de Santarém.
“Os apicultores dizem que o inverno na macrorregião de Picos também é o verão no Pará”, acrescentou Roseni Josefa de Moura.
Cooperativas ajudam a impulsionar vendas
Criada há 31 anos, a Campil tem 325 cooperados, sendo 175 ativos.
“A importância da cooperativa é decisiva porque não tem fins lucrativos e trabalha a favor dos apicultores. Se não fosse a Campil, os apicultores não teriam força para conseguir um melhor preço no mercado, porque é ela que dá suporte para pegar o mel produzido, vender e garantir o melhor preço para o nosso produto”, disse Edmilson Antônio Sousa, presidente do Conselho Administrativo da Cooperativa.
Alan dos Passos é auxiliar de produção da Campil há três anos e disse que está satisfeito com o trabalho. “Gosto tanto do trabalho, que estou pensando em também ser apicultor”, declarou Alan dos Passos, que ganha mais de R$ 900 mensais. (E.R.)
Apicultor fatura R$ 200 mil na produção de mel
O apicultor Raimundo José de Sá, da Serra São Francisco, de Campo Grande do Piauí, disse que faz a migração de suas abelhas para o Maranhão e Ceará, na Serra do Crato.
Raimundo José de Sá afirmou que o mel com a florada da Serra do Crato é o melhor porque é claro e não tem umidade e as abelhas retiram o néctar do cipó-uva.
Raimundo José de Sá disse que nas últimas três safras deste ano conseguiu uma produção de 20 litros de mel, que rendeu um faturamento de R$ 200 mil.
“O rendimento é bom, graças a Deus”, falou Raimundo José de Sá, que tem 1.300 colmeias e comprou agora uma caminhonete novinha. (E.R.).