Capitão suspeito de matar namorada foi reprovado em exame psicológico da PM
Comandante da PM diz que corporação apenas cumpriu decisão judicial. Segundo ele, todos os policiais reprovados apresentam algum problema.
Sarah Maia em 01 de novembro de 2017
O capitão da Polícia Militar do Piauí preso pelo assassinato da namorada, a estudante Camila Abreu, 21 anos, foi reprovado no exame psicológico para entrar na corporação, segundo o comandante da PM-PI, coronel Carlos Augusto Gomes. Ele entrou para a PM após recorrer à Justiça. O comandante disse ao G1 que todos os policiais que conseguem entrar mesmo após reprovação no exame acabam tendo intercorrências.
“Todos os policiais apresentam algum problema, de leve, média ou grave consequência, mas sempre que reprovam e conseguem entrar na corporação via judicial, há alguma coisa. Nem sempre dessa gravidade, mas acontece”, declarou o comandante.
Ele explicou que o capitão foi declarado aspirante no ano de 2000. O processo tramitou durante dois anos no Tribunal de Justiça do Piauí e a corporação foi obrigada a cumprir a decisão liminar da justiça. O comandante disse que o concurso da PM é rigoroso, com cinco fases, e que como o capitão, muitos reprovaram em diferentes etapas e recorreram.
“Na época, um grupo de candidatos não foi aprovado em algumas fases do certame e decidiu entrar com recurso para conseguir a aprovação. O capitão fazia parte deste grupo e conseguiu entrar na corporação mediante determinação judicial. Apenas cumprimos”, declarou.
Avaliação psicológica
Pedro Soares, presidente do Núcleo de Concursos e Promoção de Eventos (Nucepe) que é responsável pela banca que faz a avaliação dos candidatos ao concurso da PM, falou ao G1. Segundo ele, o teste é importante porque detecta as características pessoais que podem comprometer o desempenho da função.
“São analisadas questões como agressividade, impulsividade, todo o temperamento e características pessoais, para saber se pode ou não desempenhar aquele trabalho. Não sabemos como foi nesse caso específico, mas se a pessoa é reprovada significa que não estava apta a ser policial. A banca é formada por profissionais da psicologia devidamente reconhecidos pelo Conselho da classe”, explicou.
Medidas administrativas
O comandante da PM disse também que o suspeito não será protegido por parte da corporação. “O capitão se encontra detido no presídio militar até que o inquérito da polícia civil seja concluído. Ele também responderá a um procedimento administrativo, não terá regalias”, garantiu.
Ele explicou como acontecerá. “Depois que a denúncia for oferecida iniciamos o conselho de justificação e no prazo de 40 a 60 dias decidimos pela exclusão ou não dos quadros da PM. É importante dizer que em todos os casos em que o militar se envolveu num crime ele foi expulso da corporação”, disse.
Morte da namorada
Corpo de estudante é encontrado no povoado Mucuim (Foto: Lucas Marreiros, G1 PI)
O delegado Emerson Almeida, da Delegacia de Homicídios, disse nesta quarta-feira (1º) que o capitão declarou em depoimento que a jovem morreu por conta de um tiro acidental. A polícia deu detalhes do crime e disse que tem provas que contrariam o depoimento do suspeito.
Segundo o delegado, o oficial da PM contou em seu depoimento que teria dito a Camilla que a levaria para casa, mas ela teria dito que não desejava voltar e queria ficar mais à vontade. Então, o casal teria seguido para um local isolado e, durante momento íntimo uma discussão teria causado um disparo acidental que ocasionou na morte da jovem.
A prisão
Segundo o delegado, ao saber da decretação da prisão, a defesa do suspeito resolveu apresentá-lo com a tese de que houve um acidente. Entretanto, a polícia discorda dessa teoria.”Ele está preso temporariamente por 30 dias e nesse prazo, ou antes, concluiremos todas as investigações. Em razão de ser capitão da Polícia Militar, ele ficará preso no quartel”, finalizou.
G1 PI