Picos | Hospital Regional Justino Luz é destaque com tratamento inovador para o AVC
Carmo Neto em 29 de outubro de 2020
O Hospital Regional Justino Luz, em Picos, é um bom exemplo da descentralização da saúde do Piauí. Com tratamentos médicos modernos, a unidade hospital ao Sul do Estado desenvolve com pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) um tratamento que recebeu recentemente o certificado “Ready Hospital Awarded to 2020” , um prêmio entregue pelo Instituto Angel e pelo laboratório Boehringer Ingelheim.
O Angels é um grupo internacional que surgiu na Alemanha, com representantes no Brasil, que tem como objetivo aperfeiçoar o atendimento de pacientes que chegam às urgências, vítimas de AVCs. E o Hospital Regional conquistou esse certificado após mostrar-se referência no tratamento da doença, desde janeiro de 2020 quando o primeiro paciente com AVC isquêmico foi trombolisado e a partir daí o hospital deu início aos atendimentos com esse foco.
As equipes de profissionais do Hospital Regional Justino Luz envolvidas no atendimento de pacientes com AVC passaram por treinamento nos meses de julho e agosto com instrutores do Instituto Angel. Com isso, foi possível diminuir o número de mortalidade desses pacientes e também de sequelas graves da doença.
O tratamento consiste no processo de trombólise, que é uma medicação venosa feita no paciente na chegada ao hospital, ainda no início dos sintomas e até quatro horas e meia após. O procedimento médico permite a abertura dos vasos cerebrais, evitando, assim, sequelas graves e salvando vidas.
O certificado recebido pelo Hospital avalia quais unidades estão aptas para o atendimento do AVC, quando têm a estrutura mínima e monitora os dados da doença. Além disso, isso confere ao Justino Luz um reconhecimento nacional e internacional pelos serviços prestados. Para um serviço de saúde participar do Prêmio Angels é necessário registrar os atendimentos na plataforma Sits-QR. O Safe Implementations of Treatments in Stroke (Sits) é uma colaboração internacional sem fins lucrativos orientada para a pesquisa.
AVC é a 2° principal causa de morte no Brasil
O AVC é a segunda principal causa de mortalidade no Brasil. Diante disso, o hospital iniciou o tratamento que tem sido um sucesso até então. “Iniciamos uma estratégia de tratamento e combate à essa doença. Fomos premiados no dia 23 de setembro pela iniciativa alemã. Isso mostra que o Hospital tem uma capacitação dos profissionais para um atendimento rápido. Em janeiro, fizemos a primeira terapia trombolítica de AVC isquêmico, que é o principal tipo, correspondendo a 85% dos casos”, explica Tércio Luz, diretor-clínico do Hospital Regional Justino Luz.
Após o primeiro caso de sucesso, a terapia foi replicada e salva vidas desde então. O paciente também tem o risco menor de ficar com sequelas provocadas pelo AVC. “A medicação, a alteplase, é venosa e, quando iniciada nas primeiras quatro horas e meia do início dos sintomas, reduz incapacidades e mortalidade provocada pela doença. A medicação fará a abertura do vaso, ou seja, aquele trombo, aquele coágulo, será dissolvido, o vaso aberto, podendo reverter todos os sintomas”, acrescenta o médico neurologista.
Os sintomas devem ser observados pela família e com quem convive com o paciente. “Qualquer manifestação neurológica súbita. Alteração de fala, perda de força em determinado lado do corpo, alteração da marcha, tonturas súbitas, perda visual. São formas possíveis de apresentação de um AVC. O SAMU deve ser acionado imediatamente para a unidade hospitalar de referência. No caso de Picos, o Justino Luz”, exemplifica Tércio.
O paciente passa por uma avaliação para que a medicação seja prescrita.“O trombolítico é indicado a pacientes com mais de 18 anos, com sintomas iniciados até quatro horas. Tem gente que tem o AVC dormindo. Além disso, é feito um check-list de contraindicações. Ele passa por uma tomografia de crânio, que deve excluir sangramentos. A medicação poderia aumentar o risco de hemorragia cerebral”, considera o diretor-clínico da unidade de saúde no Sul do Piauí.
Descentralização da saúde no Piauí
Pablo Santos, presidente da Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares (Fepiserh), conta a importância dos pacientes serem tratados em Picos, sem a necessidade de vir para Teresina. “Com a medicação, é possível que o paciente supere o AVC sem nenhuma sequela. É um procedimento de alta complexidade em um hospital do interior do Estado, pensando no bem estar de quem precisa do sistema de saúde”, revela.
Os profissionais são aptos para desenvolver os procedimentos. “Nossos profissionais foram capacitados, que são muito importantes nesse processo, sob comando do diretor Tércio Luz. Estamos fazendo história em um hospital que sempre vinha na mídia com críticas. E hoje somos premiados. A cada dia que passa o hospital fica mais preparado para a baixa, média e alta complexidade, em uma região que abrange mais de 500 mil habitantes”, contabiliza Santos.
O interior do Estado deve se inspirar no Hospital Regional Justino Luz. “ Acredito que em breve Floriano, Parnaíba e Piripiri devem seguir essa tendência. Precisamos descentralizar esses serviços que são feitos aqui em Teresina, e o paciente com AVC não pode esperar. Queremos levar esse serviço para todo o interior”, finaliza o presidente da Fepiserh.
Via Meio Norte