1.445 mulheres já morreram vítimas da Covid-19 no Piauí
Carmo Neto em 08 de março de 2021
A empresária Márcia Ramos de Carvalho tinha de 39 anos. Ela morreu na Maternidade Dona Evangelina Rosa, dias depois de também perder o bebê que esperava. Ela não resistiu a um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, após complicações provocadas pela Covid-19.
A técnica de enfermagem Antônia Maria de Oliveira, 46 anos era servidora da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Renascença. No dia 6 de julho de 2020, ela morreu em conseqüência da Covid-19. Em setembro, outra profissional de saúde, a enfermeira Jucilene Bezerra das Silva. Tinha 47 anos e trabalhava no Centro de Saúde do bairro Mafrense atuando na linha de frente do combate a Covid-19.
A estatística de gênero em relação à doença ocorre em todo o mundo e são muitos os estudos que tentam explicar porque as mulheres são mais resistentes ao vírus. Estudo da Universidade de Minas Gerais, com base em dados estatísticos da pandemia no Brasil, mostra que 56% dos infectados no país são do sexo feminino. Em relação aos óbitos, foram notificadas 55% do sexo masculino, enquanto 45% eram mulheres.
A revista Science publicou um estudo que aponta que o sistema imunológico da mulher é mais eficaz do que o dos homens, o que justificaria, por exemplo,uma maior imunidade contra síndromes gripais depois de imunizadas. Já nos primeiros meses de vida, essa barreira imunológica torna as meninas mais resistentes às infecções e até mesmo à fome. No caso da Covid-19, as mortes ocorrem mais por problemas disfuncionais dos pacientes do que mesmo pelo vírus.
O estudo Covid-19, “Análise de casos confirmados em Teresina”, de autoria de Agostinho Antônio Cruz Araújo, com participações de outros pesquisadores analisou 315 casos registrados na capital no dia 21 de novembro de 2020.
“Neste estudo, verificou-se que os homens estão mais suscetíveis à morte. Essa realidade foi similar a estudo realizado na China, que encontra-se relacionado ao fato de a população masculina estar mais propensa a comorbidades, bem como ao desenvolvimento de condições críticas durante sua internação”, cita o pesquisador. O estudo faz referência à pesquisa semelhante realizada na Colômbia que apontou um percentual de óbitos masculinos de 60,8%. Ele cita como causas prováveis para a disparidade de gênero entre os óbitos, as “diferenças na ocupação, estilo de vida (incluindo tabagismo e uso de álcool), existência de comorbidades ou uso de medicamentos”. Um fator que é prevalente em ambos os sexos é a idade, além de comorbidades que contribuem para o agravo.
Em relação a elas, as estatísicas no Piauí apontam mais uma vez a prevalência de óbitos entre os homens no casos de doenças cardíacas. Araújo alerta, entretanto, para a necessidade de políticas públicas preventivas que possam melhorar as condições gerais de saúde da população.