Com média de 100 pessoas na fila por um leito de UTI, Médicos fazem apelo por medidas restritivas severas
Carmo Neto em 22 de março de 2021
Médicos da Sociedade de Terapia Intensiva do Piauí (Sotipi) fazem um alerta às autoridades em saúde no estado e um apelo à população para tentar barrar o avanço da Covid-19. Com média de 100 pacientes na fila por um leito de UTI e uma espera que pode durar até sete dias, a médica pneumologista Jyselda Duarte enfatiza que, neste momento, “o que temos para salvar vidas são medidas restritivas mais severas”.
“A população tem que entender que já começamos a pandemia com deficit de leitos de UTI, especialmente, para a população do SUS. Nessa nova onda, a saúde colapsou totalmente. Estamos com deficit, inclusive, nos hospitais privados. A fila de pacientes pra UTI ultrapassa 100 pacientes. Mesmo a gente aumentando leitos de UTI, não podemos garantir um tratamento de excelência, uma vez que não temos profissionais capacitados. Os leitos emergenciais que estão sendo criados não têm profissionais com a capacitação adequada, por isso a mortalidade tão alta. É importante que a população se proteja, independente de decreto”, disse a pneumologista.
O alerta e o apelo da médica também fazem parte de um documento enviado por médicos intensivistas à Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi). Um dos trechos cita: “Faltam leitos, equipamentos, profissionais e insumos. Já temos relatos de hospitais com falta de analgésicos e sedativos e com o risco real de falta outros insumos essenciais tais como oxigênio”.
Jyselda Duarte acrescenta ainda que a falta de profissionais especializados tem impactado diretamente no grau de mortalidade de pacientes.
“A mortalidade destes casos em leitos emergenciais é estarrecedora e chega a 80%. E não! não é apenas pela gravidade da doença! em centros médicos onde a equipe é especializada e os cuidados são adequados a mortalidade relatada desses pacientes encontra-se entre 20 a 40%”, diz trecho do documento.
“É de extrema importância esclarecer que mesmo o acréscimo de leitos, equipamentos e insumos, sem que se tenha equipes capacitadas para o atendimento destes pacientes, não será capaz de diminuir a mortalidade. Infelizmente, não temos mais profissionais e não temos como formar intensivistas de forma emergencial. Também não podemos esperar vacinação eficaz em pouco tempo”, segue o documento.
“Para que estes pacientes tenham chance de sobreviver precisamos sair da situação de colapso da saúde. O índice de transmissibilidade precisa ser controlado de forma enérgica e imediata evitando mortes desnecessárias”.
Em entrevista ao Notícia da Manhã, a médica pneumologista frisa que o desabastecimento na rede de saúde é real e reforça o apelo para que a população fique em casa.
“É real, é nacional, faltam insumos, faltam medicações, faltam sedativos, faltam bloqueadores neuromusculares. Então, nesse momento, é importante cada um se proteger ficando em casa e adotando medidas mais restritivas”, orienta a médica.
Via Cidade Verde