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Sem home office e atrás de renda, pobres morrem mais por Covid-19

em 21 de abril de 2021

Os mais ricos e escolarizados puderam se proteger bem mais que as pessoas de menor renda e pouca educação durante a pandemia no Brasil, é o que apontam os dados do mercado de trabalho durante o cenário de crise mundial. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Covid-19), elaborada pela FGV Social, 28% dos membros da classe A/B (renda domiciliar superior a R$ 8.303) puderam alterar o local de trabalho durante a pandemia, influenciando diretamente nesse cenário.

Uma reportagem feita pela Folha de S. Paulo mostra estudos que apontam que as áreas pobres no país e bairros da periferia de São Paulo, por exemplo, chegaram a ter três vezes mais mortes causadas pelo coronavírus do que em outras regiões.

População pobre foi mais afaetada na pandemia (Foto: Reprodução/ Ponte Jornalismo)População pobre foi mais afaetada na pandemia (Foto: Reprodução/ Ponte Jornalismo)

Ainda conforme a Pnad Covid-19, a classe D/E (renda até R$ 1.926), apenas cerca de 7,5% tiveram essa opção. Na classe C (que ganhou destaque nos anos 2000 e tem renda entre R$ 1.926 e R$ 8.303), somente 10,3% fizeram isso.

O Home Office

Entre as profissões que menos puderam alterar o local e a forma de trabalho, indo para home office, por exemplo, estão principalmente os ocupados no setor de serviços, como funcionários de supermercados, vendedores e frentistas de postos. Quase 95% deles continuaram trabalhando no mesmo local na pandemia.

Entre as profissões mais intelectualizadas, 44% alteram o local de trabalho. Segundo Marcelo Neri, diretor da FGV Social, os trabalhadores mais pobres são os que mais precisam sair de casa para conseguir renda. “Trabalhar em ‘home office’ é um privilégio das classes A e B, onde estão os empregadores, trabalhadores da ciência ou intelectuais, dirigentes e funcionários públicos”, pontua.

Auxílio emergencial

Em 2020, grande parte dos trabalhadores de menor renda e os informais ficaram relativamente protegidos pelo pagamento do auxílio emergencial. Agora, no pior momento da pandemia no Brasil, não só o total de beneficiários será muito menor como os valores foram reduzidos drasticamente.

No ano passado, o benefício foi pago entre abril e dezembro (R$ 600 ao mês inicialmente, e depois R$ 300, a 66 milhões de pessoas), com R$ 293 bilhões empregados. A nova rodada (de R$ 250, em média, a 45,6 milhões) está prevista para durar apenas quatro meses e somar R$ 44 bilhões —15% do total de 2020.

A diferença entre os que puderam ficar mais ou menos protegidos é a mesma quando a comparação é feita levando-se em conta a escolaridade: 34% dos que têm ensino superior alteraram o local de trabalho. A taxa cai para 8% entre os com ensino médio completo e a 6,6% entre os que têm apenas o fundamental.

Os dados da FGV Social a partir da Pnad Covid-19 mostram ainda que Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e São Paulo foram os estados mais afetados pela pandemia em termos de queda na ocupação.

Na média, a taxa caiu 9,5% no Brasil em 2020, mas ela chegou a ceder 14,3% no Rio e 11,3% em São Paulo. “A queda na ocupação poderia ter sido o dobro disso não fosse o programa federal de redução de jornada de trabalho e salário implementado na pandemia”, afirma Neri.


Via Meio Norte

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