Devido a covid-19, expectativa de vida ao nascer no Piauí cai pela primeira vez desde 1940
Carmo Neto em 22 de abril de 2021
A pandemia do novo coronavírus, que já tirou a vida de quase cinco mil pessoas no Piauí, fez com que a expectativa de vida ao nascer no Estado caísse pela primeira vez desde o início da série histórica, que começou em 1940. É o que aponta uma pesquisa da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, onde os piauienses nascidos em 2020 têm a esperança de viver quase um ano e meio a menos, em média. No país, a expectativa caiu dois anos, no mesmo período.
Com isso, a atual geração de piauienses deve viver até os 70,3 anos. Em 2019, esse índice foi de 71,7, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A retração, segundo o levantamento de Harvard, é reflexo do “rápido aumento dos níveis de mortalidade devido à expansão da covid-19”. Dessa forma, o índice retrocede ao nível observado há sete anos, ou seja, em 2012, quando a expectativa de vida era de 70,3 anos, em média.
A esperança de vida ao nascer, representa uma estimativa calculada a partir da quantidade óbitos de uma região, de quantos anos em média uma pessoa nascida hoje deve viver, caso as estatísticas de mortalidade não se alterem no decorrer da sua vida. De acordo com o IBGE, a última publicação feita foi ano passado e se refere aos nascidos em 2019. No Piauí, a média geral (somando-se ambos os sexos) era de 71,6 anos, a segunda menor do Brasil, ou seja, números iguais ao levantamento dos EUA.
“A expectativa de vida média para os homens do Piauí era de 67,3 anos, enquanto as mulheres piauienses tinham uma expectativa de vida de 76 anos, bem maior que a dos homens”, firmou Eyder Mendes, supervisor de informações do IBGE, destacando que o órgão não tem, ainda, nenhuma pesquisa nesse sentido. “Infelizmente não tem nenhum estudo publicado. Acredito que quando formos publicar a expectativa de vida este ano, que será em novembro, poderemos ter algo já oficial contando com o efeito da pandemia”, pontuou.
Entretanto, o ensaio da universidade de Harvard explica que a diminuição da expectativa de vida é comum diante de grandes choques, como pandemia e guerras. Mas, a tendência é que os números melhorem rapidamente. Porém, no caso do Brasil, os pesquisadores não acreditam que a retomada do crescimento será rápida.
“O número real de mortes tende a ser maior devido à vigilância deficiente, testes limitados que impediram o diagnóstico adequado, problemas com o cumprimento dos protocolos de notificação de uma suspeita de morte por covid-19 e local da morte”, afirmaram os pesquisadores no estudo publicado no MedRxiv, site da Universidade de Yale com pré-publicação de artigos científicos sobre ciências da saúde.
A situação fica ainda mais grave, quando são analisadas as regiões brasileiras separadamente. O Distrito Federal é o lugar mais afetado, com uma redução estimada de 3,68 anos. O Nordeste é a segunda região mais atingida. Sergipe lidera e a estimativa é de decréscimo da expectativa de vida: 2,21 anos; Ceará, recuo de 2,09; e Pernambuco, queda de 2,01 anos.
Via Meio Norte