Muriçocas atacam pessoas pelo cheiro, afirma cientista
Os mosquitos têm proteínas em suas antenas que funcionam como receptores de cheiro, explica Paulo Ribolla, biólogo e professor do Instituto Botucatu, da Unesp.
Cleiton Jarmes em 12 de janeiro de 2015
Eles não são vampiros, mas vêm de noite em busca de sangue. Conhecidos como pernilongos, mosquitos do gênero Culex – que atacam principalmente no verão – escolhem suas vítimas pelo cheiro.
Só as fêmeas picam. Quem tem um metabolismo mais acelerado está mais sujeito às picadas. Isso porque as pernilongas rastreiam no ar o CO2 e o ácido lático – substâncias geralmente produzidas em maior quantidade por essas pessoas ou após grande esforço físico.
Os mosquitos têm proteínas em suas antenas que funcionam como receptores de cheiro, explica Paulo Ribolla, biólogo e professor do Instituto de Biociências de Botucatu, da Unesp. Além disso, a atração que os pernilongos têm por alguma pessoa em especial pode estar relacionada à flora de bactérias e fungos presentes na pele.
Pior do que a picada do pernilongo é o ardor e a coceira no local. Essas sensações decorrem da reação alérgica que o organismo produz às substâncias presentes na saliva do bicho. Como em todos os casos de resposta alérgica, algumas pessoas são mais sensíveis do que as outras.
Ou seja, além de existirem pessoas que atraem menos os pernilongos, há gente que é mordida, mas nem nota.
Não há muito como mudar, via alimentação, a atratividade que se exerce aos pernilongos. Um mito popular aponta que comer alho poderia ajudar, pelo cheiro exalado, a espantar os mosquitos (e talvez também outras pessoas).
Segundo a pesquisadora Maria Anice Sallum, bióloga e professora da Faculdade de Saúde Pública da USP, a quantidade de alho ingerida para que criar esse efeito teria de ser gigantesca.
Segundo Sallum, o mesmo vale para frutas e doces -que poderiam atrair os bichos. A ingestão não altera o comportamento deles.
A espécie mais comum de pernilongos, Culex quinquefasciatus, está presente em todo o mundo, especialmente na região tropical. Em uma cidade como São Paulo, consegue viver e se reproduzir o ano todo, mas, com o calor e a umidade mais alta no verão, a população aumenta muito.
As fêmeas, para gerar ovos saudáveis, precisam de sangue. Elas não são muito exigentes – pode ser sangue de aves ou de vacas. Mas, na cidade, o que mais tem é gente.
Para reduzir a quantidade de pernilongos em São Paulo, um caminho seria a despoluição do rio Pinheiros e a eliminação de outros focos de água parada com material orgânico. Sem isso, restam as telas, mosquiteiros, inseticidas e repelentes – os modelos que são ligados na tomada são eficientes.
Uma alternativa mais natural para lidar com os mosquitos é o uso da citronela – uma planta aromática – e dos incensos e óleos feitos à base de extratos vegetais. Leandra Metsavaht, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia, porém, alerta que o contato direto desses compostos com a pele pode provocar alergias ainda mais graves que aquela da picada.
A dermatologista diz que o ideal é usar os repelentes comerciais, que já tiveram a segurança atestada.
Fonte: Folha