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Nota mil no Enem, estudante do Amazonas pode perder vaga por falta de dinheiro

em 24 de fevereiro de 2023

Estudante amazonense Rilary Castro Foto: Divulgação

 

Itapiranga (AM) — A estudante amazonense Rilary Castro, de 18 anos, da Escola Estadual Tereza da Silva Leal, no município de Itapiranga (a 227 quilômetros de Manaus), alcançou a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio 2022 (Enem). Ela sonha em cursar engenharia civil, mas a situação financeira não permite que ela possa morar longe de casa e se dedicar aos estudos.

Rilary conseguiu uma boa nota no Enem e tem expectativas de conseguir uma vaga no curso sonhado, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus, mas a distância entre Manaus e Itapiranga, o valor da passagem, os materiais escolares e a alimentação devem impedir que ela realize seu sonho de começar uma graduação.

“Antes mesmo de saber as pontuações do Enem, já tinha conversado com a minha família e dito que iria continuar estudando para fazer os vestibulares que são das próprias universidades e tentar ingressar somente em julho. Não consigo agora, no início do ano, por questões logísticas mesmo, como moradia e meio de transporte, iniciar uma faculdade em Manaus”, conta Rilary.

A estudante mora junto do irmão mais velho e da avó aposentada. O drama familiar para seguir os estudos também já foi vivido por seu irmão. Ele foi o primeiro da família a ingressar em uma universidade pública. Mas teve que trancar o curso de engenharia de software por não ter mais condições financeiras de continuar durante a pandemia da Covid-19.

Rilary já havia sido aprovada no vestibular da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) em 2022, para o curso de engenharia de materiais. Mas não conseguiu se deslocar do seu município até o campus e efetivar a matrícula. O preço de R$ 78 pela viagem comprometeria o orçamento familiar.

“Tenho muita determinação e vejo que muitas pessoas do interior também têm. Às vezes, querem cursar até mesmo cursos menos disputados, mas precisam se deslocar até Itacoatiara e Manaus. Muitas coisas impedem a gente de ir para a faculdade. Inclusive questões financeiras. Do que adianta tirar notas altas? Vendo toda essa situação, de se esforçar e mesmo assim não conseguir realizar o sonho de estudar, vai diminuindo muito as nossas expectativas. Me sinto injustiçada”,lamenta Rilary.


Com informações do site O Globo

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