Além da empresa de Elon Musk, outros potenciais investidores globais também estão em busca de alternativas, como a Planta Industrial Piauí Níquel, empresa da Piauí Niquel S/A, subsidiária da britânica Brazilian Níquel, na cidade de Capitão Gervásio Oliveira (a 537 km de Teresina). “Nossa operação atual é vitrine para atrair investimentos de US $ 1,2 bilhão , o que tornará possível construir um projeto em larga escala e operar em longo prazo de forma sustentável “, diz o diretor de sustentabilidade do Grupo, Marcelo Rideg.
Ainda em fase inicial, a capacidade de produção atual é de mil toneladas por ano, mas a meta é atrair investimentos para chegar a 25 mil toneladas/ano, estima Marcelo Rideg, diretor de sustentabilidade do Grupo, em entrevista exclusiva ao Meio Norte. Com a implantação de um processo produtivo simples, a empresa consegue contratar mão de obra local. Hoje tem 400 colaboradores, entre diretos e subcontratados: “80% são de Capitão, Campo Alegre e São João do Piauí”, garante Rideg. Com os investimentos projetados,o número de empregados pode chegardois mil, durante a construção.
A operação da Piauí Níquel prevê a extração de níquel e cobalto de reservas localizadas no município. Com o crescente mercado de carros elétricos, os produtos sólidos e concentrados para a demanda estão valorizados. Uma bateria média de carro elétrico contém cerca de 36 quilos de níquel. O metal é um ingrediente importante do mercado do futuro, antecipado pela decisão das montadoras de interromperem a fabricação de veículos movidos a combustão. Sua aplicação está presente em pelo menos três mil produtos, desde a liga metálica de bisturi utilizada como ferramenta médica, na aeronáutica e na informática.
A reserva de metais de Capitão Gervásio, cidade de pouco mais 5 mil habitantes, é conhecida desde a década de 1970. Até 2015, a empresa Vale era titular do direito de exploração, tendo investido US$50 milhões em pesquisas e infraestrutura. A partir desse ano, a Piauí Níquel adquiriu o direito minerário na área que fica na localidade Brejo Seco.
Rideg explica que um dos diferenciais da operação no Piauí é uma tecnologia moderna que inclui a lavagem (lixiviação) do minério britado com uma solução diluída de ácido sulfúrico. “Um processo lento, que leva alguns meses para ser concluído,porém com custos menores e mais eficiência do que outras tecnologias”, completa. Em seguida, os metais ainda passam por outras separações s até estarem prontos para o beneficiamento,filtragens e ensacamento. “O níquel retirado é transformado em um produto sólido e embalado em big bags. É um produto sólido formado por 45% do metal”
Prevenção de acidentes
Outra tecnologia utilizada pela Piauí Níquel na extração dos minérios metálicos garante maior segurança aos empregados, à população e ao meio ambiente. Afinal, a reserva está localizada na região da Serra da Capivara, uma das maiores riquezas arqueológicas do mundo. “Não temos barragem de rejeito”, explica o diretor de sustentabilidade.
Em 2019, o rompimento da barragem de Mariana, em Brumadinho, provocou a morte de 270 pessoas, além de danos ambientais irreversíveis. Foi o maior acidente de trabalho do país. Na época, a Vale garantia para trabalhadores era de que o risco com o acúmulo de rejeitos era “baixo”
A operação em Mariana mantinha uma barragem de rejeito, em estado líquido. Quando ela se rompeu, o fluxo foi rápido deixando um rastro de destruição. “ O nosso rejeito é sólido graças à etapa de filtragem que reaproveita água (reduzindo a captação de água nova) que permite que os resíduos sejam empilhados em um depósito impermeabilizado, com controle de drenagem que impede contato com o solo e uma eventual liberação de minerais livres para os lençóis freáticos”, garante.
Os resíduos que hoje formam um “aterro sanitário compactado”. Para reduzir ainda mais os riscos , a Piauí Níquel busca parcerias com instituições que pesquisam o uso alternativo dos resíduos “ Há um potencial importante para reutilizar o resíduo”, acredita Rideg.
Fonte: Meio Norte