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Descubra como Wesley Safadão se tornou um dos cinco maiores cachês do país

O forrozeiro tem uma maneira bem peculiar de se relacionar com os fãs, seja no camarim, nos palcos, na rua e até mesmo na internet.

em 18 de janeiro de 2016

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Forrozeiro abusa de simpatia, mistura de ritmos e internet

Wesley Safadão está há mais de uma hora em seu camarim, prestes a se apresentar em João Pessoa, recebendo fãs, patrocinadores, imprensa e políticos locais. Há uma longa fila do lado de fora para entrar. Dentro do espaço, uma área foi reservada só para fotos, mas quem acompanha a cena percebe que nem todos ali querem somente isso dele.

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Descubra como Wesley Safadão se tornou um dos cinco maiores cachês do país

Uma admiradora pede que o cantor mande um recado para a sua mãe doente. “Ô, Dona Luci, melhoras para a senhora, espero que fique boa logo!”, diz ele, com o celular da moça em punho, enquanto grava um “vídeo-selfie”. Outro fã, que parece ser um cantor em início de carreira, pede que Wesley cante um trechinho de uma música ao seu lado. “Tô namorando todo mundo/ 99% anjo, perfeito/ Mas aquele 1% é vagabundo”, entoa, com o celular do rapaz nas mãos, em outro vídeo-selfie. As gravações fazem com que o cantor passe mais tempo atendendo as pessoas. Se fossem só fotos, seria bem mais rápido. Sua paciência, no entanto, parece não ter limites.

O assédio não acaba durante o show que virá a seguir — e que vai durar duas horas, acompanhado com o maior entusiasmo por 46 mil pessoas até 1h da manhã. O palco é quase uma extensão do camarim: há quem entregue ou jogue o celular da plateia para o cantor, que muitas vezes retribui o gesto pegando o aparelho, virando-se para fazer uma selfie com a pessoa lá embaixo e devolvendo o telefone em mãos.

FORRÓ COM SERTANEJO, AXÉ E FUNK

Foi numa dessas, há alguns meses, que alguém conseguiu flagrar Wesley agarrando um celular depois de fazer uma embaixadinha, quando um aparelho chegou voando ao palco. O vídeo foi parar no YouTube. Um dos internautas, na área de comentários, cravou: “Wesley Safadeus.”

O forrozeiro tem uma maneira bem peculiar de se relacionar com os fãs, seja no camarim, nos palcos, na rua e até mesmo na internet. Vive conectado e, durante os shows, gosta de mandar recados como: “Você aí que bloqueou seu ex no WhatsApp, desbloqueia agora. Manda uma foto sua aqui e escreve assim: hoje tem #vaisafadão.’’

“Vai, Safadão” virou não só hashtag de sucesso, mas uma espécie de mantra repetido em coro pelo público que lota seus shows. Wesley nunca viveu um momento tão bom em sua carreira. Aos 27 anos, vem sendo comparado pela indústria musical a gente grande como Ivete Sangalo — com quem, inclusive, gravou uma música e um clipe há pouco mais de um mês. A baiana brinca dizendo que o nome dele deveria ser Wesley Queridão.

— Ivete um dia deixou de ser a cantora de axé para virar uma das maiores da MPB. Wesley Safadão parece fazer um caminho parecido, deixando de ser apenas forró para virar ícone pop — explica Guilherme Figueiredo, diretor de marketing da Som Livre, gravadora do cantor.

Cantando forrós com uma pegada sertaneja, de axé, ou até mesmo de funk, Safadão vem expandindo seus domínios para muito além das regiões Norte e Nordeste. Em janeiro, fez seu début em Florianópolis, mais especificamente na rica Jurerê Internacional.

— Chegar a Florianópolis e ver as pessoas cantando um monte de músicas minhas é incrível — admite Safadão. — Até a metade de 2016, vou ter tocado em todos os estados do Brasil. É a meta.

Terá tocado no país todo e já terá feito sua primeira turnê internacional, em fevereiro, nos Estados Unidos. Em meio a tanta novidade, há ainda espaço para um cruzeiro do Safadão, nos moldes do de Roberto Carlos.

— Vem aí o navio de Wesley! Vou para o Rio afinar os detalhes na próxima semana, mas já adianto que tem umas mil pessoas na lista de espera. Sai em 2016 — adianta Luiz Augusto Nóbrega, dono da Luan Promoções, que cuida da carreira do cantor.

Coincidência ou não, há quem diga no mercado que o valor do cachê de Safadão só perde para o do Rei, considerado o maior do país. Ninguém na equipe confirma oficialmente, mas comenta-se que Wesley já recebeu R$ 650 mil por um show.

Há 13 anos, Wesley se tornava o vocalista da pequena banda Garota Safada, um grupo criado por sua mãe e seu tio com suadas economias, em casa mesmo, e que por diversas vezes tocou de graça pelo Ceará, estado natal da família, a troco somente de reconhecimento.

Vem do nome da banda, aliás, o apelido Safadão. Wesley virou cantor por acaso. Ele ia aos shows, “brincava” de dançar com a prima nos palcos, até o dia em que um vocalista do grupo disse que não poderia mais se apresentar. O forrozeiro se ofereceu e foi nesse posto que permaneceu desde então.

O figurino da época — terninhos com cara de pastor — era bem diferente das camisetas, bermudas e calças Ellus, Louis Vuitton, Givenchy ou Diesel que ele usa hoje, escolhidas por um personal stylist.

— Estamos investindo em cores mais neutras. Wesley quer perder sete quilos para ficar no shape até o carnaval. Depois, vamos voltar para as cores — diz Neto Pinheiro, o stylist.

Completando o time do estilo, Safadão conta também com um camareiro, João Paulo de Lemos, de 26 anos, que virou uma sensação entre os fãs por suas aparições no Snapchat.

O camareiro João, que é chamado de Odete pelo forrozeiro no Snapchat: ele também faz sucesso com os fãs – Mônica Imbuzeiro
— Sou um pouco Bombril: maquiador, cabeleireiro, assessor pessoal. Vou a todos os shows. De uns tempos para cá, Wesley começou a me chamar de Odete, em homenagem a Odete Roitman, uma brincadeira nossa. Os fãs todos já me reconhecem assim na rua — brinca João.

No tempo em que Wesley usava terninhos e não tinha Odete ao seu lado, devia ser difícil imaginar que, anos depois, um de seus discos, gravado ao vivo em Brasília em um show para 45 mil pessoas no estádio Mané Garrincha, onde foram utilizadas mais de cem toneladas de equipamentos, figuraria como o mais ouvido na Apple Music, serviço de streaming de músicas da Apple.

ENTRE OS CINCO MAIS BEM PAGOS

Mais uma prova de que seu público realmente vem se diversificando. Para Guilherme Figueiredo, da Som Livre, ele agora agrada também a um grupo que é usuário de iPhone e paga assinatura em dólar. Por essas e outras, Wesley Safadão mudou a vida de sua família toda:

— Meus pais tiveram que se virar nos 30 para alimentar todo mundo. Eu sou o mais novo e, quando nasci, as coisas já não estavam tão complicadas. Nunca passei fome. Mas isso me ajudou a dar valor a tudo que conquistamos.

Com os dois filhos, Yhudy e Ysis, e a mulher, Thyane: o forrozeiro se vestiu de príncipe na festa de 1 ano da menina – Reprodução

Wesley tem dois irmãos mais velhos, Wellington (que leva o mesmo nome do pai) e Watila. Quando seu primeiro filho nasceu, buscou também um nome com W, mas acabou ficando com o Y. Assim escolheu Yhudy e, para a filha mais nova, optou por Ysis. Ele não mede esforços para fazer as crianças felizes. Na festa de 1 ano da menina, para mil convidados, chegou a se vestir de príncipe.

Apesar de não falar em cifras fechadas — para cada região do Brasil, há um cachê diferente, explica —, o empresário do cantor, Renan Nóbrega, admite que Safadão deve estar entre os cinco cantores brasileiros mais bem pagos atualmente, ao lado de Ivete Sangalo e Luan Santana. Hoje são de 22 a 25 shows por mês e, para dar conta da agenda, o cantor precisa recorrer a um jatinho particular. De quebra, ainda tem uma Ferrari na garagem. Forrozeiro ostentação?

— Não gosto de ostentação, não tem nada a ver comigo. O jatinho existe para trabalhar. A Ferrari? É, está lá em casa… — diz ele, antes de ficar com o rosto vermelho, com jeito tímido, ao ser perguntado sobre valores de cachês.

EQUIPE DE COMPOSITORES

O segredo do sucesso não se explica por um único fator. Aqueles que o cercam apontam seu dom para o marketing, a equipe que gerencia sua carreira (são cerca de 80 pessoas envolvidas), o empresário, as parcerias com outros cantores (sua participação em “Aquele 1%’’, de Marcos e Belutti, gerou um clipe com 120 milhões de visualizações no YouTube), a maneira como lida com a internet e, claro, as letras de suas músicas.

Safadão conta com uma equipe de seis compositores, responsáveis por sucessos como “Camarote” (“Agora assista aí de camarote/ Eu bebendo gela, tomando Ciroc/ Curtindo na balada, só dando virote/ E você de bobeira sem ninguém na geladeira”).

Mesmo não compondo seus próprios sucessos, ele não se furta de falar suas frases por aí, que acabam caindo na boca do povo na internet.

— Gosto de “Quem vive de orgulho morre de saudade”. Tem outra também: “Amor só de mãe, paixão só de Cristo e quem quiser me amar… Que sofra!”.

AGENDA LOTADA

A agenda de Safadão está lotada para os próximos dias. Terça-feira ele estará no Rio para duas apresentações em uma só noite, na Feira de São Cristóvão e depois em Rio das Pedras. Para o primeiro show, cerca de 13 mil, dos 20 mil ingressos, já foram vendidos. A apresentação, na verdade, seria dentro da feira, mas acharam melhor transferi-la para o estacionamento e, assim, aumentar sua capacidade. Tudo indica que os ingressos se esgotarão até o dia do evento.

— Amo o Rio, sempre tem umas paradinhas boas para a gente fazer aí. Mais para frente é capaz de me apresentar na Marina da Glória — conta.

O visual mais moderninho adotado há um ano: cabelos presos e barba por fazer – Mônica Imbuzeiro
Os cariocas vão encontrar um Safadão mais moderninho, com cabelos presos em um coque que se desmancha em um grande rabo de cavalo. Um visual que talvez tenha mais a ver com a nova fase de sua carreira. O penteado, criado pelo próprio cantor, é usado há quase um ano. Antes, o que chamava atenção eram os fios muito lisos, compridos e soltos. Ele jura que só usa xampu para cuidar da cabeleira, mas gosta de enganar as pessoas dizendo que recorre ao sabão de coco ou ao azeite.

— Adoro ver a reação de espanto quando digo esse tipo de coisa. Outro dia até falei para a minha mãe que estava pensando em cortar. Ela disse: “Nem pensar, e a minha promessa?” Só que a promessa dela de deixar meu cabelo crescer foi feita quando eu era criança, para que ficasse curado de uma pneumonia — ri, ao falar de Dona Bill, que hoje cuida do licenciamento de todos os produtos que levam seu nome, entre eles toalhas, bonés, mochilas, bolsas.

Os planos para 2016 são grandes. Safadão conta que quer gravar dois DVDs, com direito a um show tão gigantesco quanto foi o de Brasília no ano passado. O outro deve ser mais compacto, para lançar novas músicas:

— O ano de 2015 foi inesquecível. Automaticamente, com esse crescimento, 2016 não é nada menos que muito promissor.

Fonte: O Globo

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