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‘Made in Piauí’, Sarah Menezes é a cajuína do judô em especial do JN

Na edição desta segunda o Jornal Nacional contou um pouco da história da judoca piauiense Sarah Menezes que vai tentar o bicampeonato olímpico.

em 19 de julho de 2016

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Sarah Menezes é a cajuína do judô em especial do JN

Na edição desta segunda-feira (18/07) o Jornal Nacional contou um pouco da história da judoca piauiense Sarah Menezes que vai tentar o bicampeonato olímpico. Ela que se tornou a primeira mulher brasileira a conquistar o ouro nos tatames. A seguir você confere o belíssimo texto do jornalista Pedro Bassan na íntegra e imagens da reportagem.

Quatrocentos e sessenta e dois atletas vão representar o Brasil na Olimpíada do Rio. É um recorde para o nosso país. E no meio de tanta gente talentosa, uma judoca do Piauí vai tentar o bicampeonato olímpico.

É a história de uma menina que construiu uma ponte entre o Japão e o Piauí. De Tóquio a Teresina, onde o judô encontrou a primeira mulher brasileira a conquistar o ouro nos tatames. Nenhuma surpresa. O brilho da medalha de Sarah Menezes combina muito bem com um antigo tesouro do Piauí: cajuína.

O conhecimento que vai passando de pai para filho há várias gerações faz nascer esse ouro engarrafado. Com o judô também é assim. Mas faltava matéria-prima para produzir o ouro. Faltavam judocas no Piauí.

O professor Miguel resolveu encarar esse desafio, de porta em porta. “Fiz a divulgação nas salas de aula, divulgação para os pais e aí começou. Em torno de 15, 16 alunos que faziam a aula de judô aqui”, conta Miguel Mendes, o primeiro professor da Sarah.

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“Quando eu vi a demonstração que tinha que derrubar o outro, eu achei legal, aquilo me chamou a atenção, eu acabei entrando através dessa brincadeira” lembra Sarah.

A vontade de Sarah era bem maior do que a quadra da escola. Um mês depois, ela foi levada até o professor Expedito Falcão. Ele quase não acreditou no que viu e ensinou Sarah a acreditar.

“Era um dom natural, só que era uma coisa bruta, sem técnica, eu só fui começando a moldar, a lapidar aquele diamante bruto que estava na minha mão”, relembra Expedito Falcão, o treinador da Sarah.

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Desde então, Sarah viu o tempo passar nesse mesmo tatame. Aos nove anos ela começou a aprender todos os verbos do judô: treinar, lutar, suar, derrubar. Só não conjugava o verbo perder.

“Fui conhecer essa palavra quando eu entrei na Seleção Brasileira, com 15 anos. Então eu passei seis anos da minha vida sem saber o que era derrota”, conta.

Com as vitórias de Sarah Menezes, o Piauí entrou no mapa do judô mundial.

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“Eu sempre fui um pouco marrenta, eu nunca tive medo. Eles que tinham medo da piauiense. Quando via lá nas costas que tinha o patch, quando via PI, eles tinham receio e não eu”, lembra.

“Ela era a titular da seleção brasileira. Do Piauí, um estado sem nenhuma retrospectiva de atletas de alto rendimento. É a coisa que eu mais me orgulho, é que a Sarah é uma atleta ‘made in Piauí’. Ela nasceu, treinou, a vida toda dentro do Piauí”, afirma Expedito.

Sarah aprendeu o verbo perder em português e em chinês, na Olimpíada de Pequim.
“Com 18 anos, muito jovem. Ela não aguentou a pressão”, diz Expedito.

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Talvez por isso, quatro anos depois, quase ninguém acreditava.

“Quando a Sarah foi viajar para as Olimpíadas em 2012, na hora do embarque, o rapaz fez uma surpresa, lá na hora do embarque, vamos tirar aqui uma foto, aí ele tirou ali do bolso, a palavra boa sorte, e nós só éramos sete, teve o João que segurar duas letras, pra formar a frase”, conta a mãe Dina Menezes.

Quando Sarah voltou de Londres, no aeroporto estava lotado.

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“Eu até tomei um susto. O Piauí parou, o aeroporto lotado, eu fiquei até com medo de sair do aeroporto, porque a multidão era realmente incrível”, lembra.

“Quando ela ganhou a primeira luta, poucas pessoas assistiram. Na segunda luta, o Piauí começou a parar. Na terceira luta dela, o Piauí parou. Na quarta, o Brasil parou”, conta Expedito.

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Na quinta luta, a medalha de ouro. Aos 22 anos, melhor do mundo. Foi então que Sarah começou a ouvir várias vezes a mesma frase: mais difícil do que chegar ao topo é se manter lá.

Por que será que repetiam tanto isso? Porque é verdade.

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“Foi de ladeira abaixo. Meu ano de 2014 e 2015 não foram positivos”, revela. No judô, quem derruba hoje, cai hoje mesmo.

“Uma garota que começou a ser conhecida, querendo ou não, começou a ter um recurso. Ela poder comprar o que ela quer, ela poder ir onde ela quiser. Em 2014 eu acredito que veio essa ressaca”, diz Expedito.

Os resultados foram tão ruins que ela correu o risco de nem participar da Olimpíada do Rio. E de repente, Sarah voltou.

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Receita para recuperar o tempo perdido: treino, muito treino, e depois do treino, mais treino.

Parece um filme de super-herói. Mas é a supersarah em ação. Ela voltou a ficar entre as três melhores do mundo e só vai parar no dia 6 agosto, o primeiro dia de medalhas nos Jogos.

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“Quem quiser tirar a medalha dela vai ter que fazer mais do que ela fez”, diz o treinador.

“Todos nós temos capacidades, você pode ser de qualquer lugar, não ter receio de falar de onde você é, acreditar mesmo, e fazer por onde as coisas acontecerem”, afirma Sarah.

A menina que botou o Piauí no mapa do judô vai mostrar aos estrangeiros as belezas do Brasil. Começando pelo nosso chão. E não que ela goste da nossa terra, mas Sarah Menezes prefere olhar para o céu.

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 180/Jornal Nacional

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