Mulher que ficou 20 dias com ‘tampão’ denuncia caso para polícia no Piauí
Advogado confirmou registro de B.O para tomada de providências da polícia. Paciente sentia dores e procurou médica, que encontrou o 'tampão'.
Sarah Maia em 22 de fevereiro de 2017
Thamara Macêdo, a mulher que ficou 20 dias com um “tampão” no corpo (um tecido utilizado para estancar sangramentos pós-parto) denunciou o caso para a Polícia Civil. Jordão Primo, advogado da família, confirmou que foi feito um boletim de ocorrência no qual ficou registrado todo o acontecimento.
Médica encontra ‘tampão’ dentro de mulher no Piauí 20 dias após o parto
O advogado afirmou ainda que está juntando toda a documentação referente ao caso para tomar as medidas legais. O defensor não quis adiantar para o G1 se a família vai denunciar o caso tanto na esfera criminal, quanto cível. “Apenas após o carnaval vamos ter certeza de qual caminho vamos tomar”, disse.
A educadora física Thamara Macêdo fez um parto cesárea na Maternidade Dona Evangelina Rosa e dias depois começou a se sentir mal, sentir dores e exalar um mau cheiro. Com a piora do seu estado de saúde, a família procurou atendimento médico no Hospital do Buenos Aires e lá uma médica retirou um pedaço de tecido do canal vaginal da mulher.
O caso foi denunciado pelo ex-jogador de futebol Erivaldo Veloso, esposo da Thamara, que usou seu perfil no Facebook para expor a situação. “Ela estava sentindo muita dor e não conseguia urinar. Já tinham se passado 20 dias desde o nascimento do nosso filho e ela não melhorava. Levei ela ao Hospital do Buenos Aires e quando a ginecologista foi examinar, achou o tampão do tamanho de uma fralda dentro dela. Minha mulher chorou muito com a situação, foi humilhante”, contou.
Procurados pelo G1, dois profissionais de ginecologia, que não quiseram se identificar, afirmaram que o objeto retirado de Thamara é uma compressa, um item muito comum em cirurgias, mas que em hipótese nenhuma deveria ficar no corpo de um paciente.
“Usamos compressa para estancar o sangue, mas em cada parto é colocando em locais diferentes. Em um parto vaginal, usamos a compressa para estancar o sangue no canal vaginal, isso faz com que possamos analisar se há lacerações na área que devam ser suturadas. Em uma cesárea utilizamos as compressas para estacar o sangue da cirurgia, mas claro, devemos tirar todas elas antes de fechar a paciente”, disse um ginecologista. O procedimento foi confirmado por uma médica da mesma área consultada pelo G1.
Questionada sobre a possibilidade de uma compressa deixada no útero sair pelo canal vaginal, a ginecologista procurada pela reportagem explicou que, apesar do tamanho do objeto, é sim possível essa saída. “A compressa é um objeto grande, mas que pode ser expelido pelo útero, porque o que acontece é que este se contrai para expulsar as loquiações e expulsou junto à compressa. A loquiação é como a menstruação do pós-parto”, contou a ginecologista.
Em nota a Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) informou que foi acionado o Núcleo de Segurança do Paciente e os profissionais que estiveram presentes no procedimento irão discutir o caso. Ressaltaram ainda que a Instituição trabalha com transparência e que ao final da avaliação informará o que de fato ocorreu.
Fonte: G1 Piauí