Lixo hospitalar é recolhido por garis e jogado no aterro sanitário de Picos
O lixo hospitalar produzido no município de Picos está sendo recolhido por garis e depositado de forma irregular no aterro sanitário de Picos. A informação é do vereador Antonio Afonso Santos Guimarães Junior, o Afonsinho (PP).
Cleiton Jarmes em 31 de março de 2017
O lixo hospitalar produzido no município de Picos está sendo recolhido por garis e depositado de forma irregular no aterro sanitário de Picos. A informação é do vereador Antonio Afonso Santos Guimarães Junior, o Afonsinho (PP).
O parlamentar conta que foi provocado sobre a situação por moradores do Valparaíso, comunidade rural onde o aterro sanitário está instalado. A partir de então, descobriu que o material era coletado desde 2014 por uma empresa especializada no tratamento de resíduos biológicos com atuação em todo o Piauí.
O problema é que a firma deixou a função após o término do contrato em dezembro do ano passado por ausência da renovação e inadimplência da Prefeitura Municipal de Picos – que estaria devendo meses de pagamento pelos serviços prestados.
Impasse
Através de uma resposta a ofício enviado pela bancada oposicionista da Câmara Municipal de Picos, a Sterlix Ambiental Piauí Tratamento de Resíduos LTDA informou que era responsável pela coleta, transporte, transbordo, tratamento e disposição final de resíduos de serviços de saúde gerados no município de Picos tanto por instituições públicas municipais, estaduais e federais quanto privadas.
A empresa alega que “mesmo tendo prestado os serviços a contento, até o momento não recebeu a contraprestação devida, pelo que está adotando as providências jurídicas necessárias para a cobrança dos débitos”, diz em documento encaminhado aos parlamentares.
Ainda de acordo com o texto, a Sterlix relata que começou a prestar serviço ao município através de um contrato emergencial e que a Prefeitura de Picos não quitou os débitos com referentes de janeiro a dezembro de 2014, além disso, também não quitou o valor referente à prestação de serviços nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2016.
O contrato entre a Prefeitura de Picos e a Sterlix começou a vigorar em 22 de abril de 2014, com validade até 21 de dezembro de 2015, sendo posteriormente prorrogado até 22 de dezembro de 2016.
Riscos para saúde e meio ambiente
No aterro sanitário, seringas, remédios e material hospitalar de toda espécie estão expostos ao ar livre e colocam em risco a segurança de garis e catadores que trabalham no local.
“O lixo biológico precisa ser recolhido por pessoas treinadas e capacitadas para isso porque é um lixo muito perigoso de se manusear, então tem que haver um preparo. Os garis estão correndo o risco de se contaminar com o lixo biológico”, pontua Afonsinho, relatando que encontrou no aterro sanitário catadores sem equipamentos de proteção individual (EPIs) e em risco de contato direto com o material hospitalar.
“Quando cheguei ao local encontrei vários catadores de lixo sem materiais adequados, sem luvas, sem botas, então ali é um meio de transmitir doenças”, alerta.
O parlamentar também coloca em evidência os riscos para o meio ambiente e a saúde pública do município, citando a contaminação a possibilidade de contaminação do lençol freático que corta o município e os risos de proliferação do mosquito Aedes Aegypti — transmissor da Zika, Dengue, Chikungunya e Febre Amarela — em pneus e entulhos acumulados no local.
Providências
A reportagem do Grande Picos procurou o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Picos, Filomeno Portela, mas foi informada de que o gestor está viajando.
O secretário de Serviços Públicos Elisomar de Carvalho, o Mazinho, negou que a pasta esteja coletando o lixo biológico, mas confirmou ter presenciado lixo hospitalar junto ao lixo comum nos hospitais e clínicas particulares do município na última semana. Como providência, ele afirma que enviou ofícios solicitando a separação dos resíduos.
“Nós só trabalhamos com o lixo comum, mas algumas vezes fomos fazer a coleta e o próprio hospital colocou [o lixo hospitalar] junto [com o lixo comum] sem o nosso conhecimento e foi feita a coleta. Os garis me comunicaram e eu procurei os hospitais que estavam fazendo este tipo de crime”, relata.
Mazinho destacou a carência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e atribuiu o fato a questões burocráticas envolvendo o setor de licitações, mas garantiu que até o final de abril a situação será resolvida.
O secretário disse não ter conhecimento sobre a existência de uma nova empresa especializada na coleta do lixo hospitalar e explicou que a problemática é uma competência da Secretaria Municipal de Saúde. “Estive com a secretaria esta semana e ela me disse que tinha encerrado o contrato da empresa e por conta da licitação o município não estaria fazendo ainda este serviço, mas que ela já tinha sentado com o prefeito e que ia resolver isso logo”, disse.
O Ministério Público informou que vai inspecionar o aterro sanitário e averiguar a denúncia.
Fonte: Grande Picos