“Ficava pesquisando formas de morrer”: padre Fábio de Melo dá forte relato de sua saúde mental
Carmo Neto em 24 de julho de 2020
Sempre honesto e aberto ao falar sobre a própria saúde mental, o padre Fábio de Melo voltou, recentemente, a relembrar a época em que lutou contra depressão e síndrome do pânico há cerca de três anos – e surpreendeu muita gente ao afirmar que, apesar de toda a fé que tem, aquela foi uma época em que ele perdeu a vontade de viver a ponto de cogitar acabar com ela. A reportagem é do VIX.
Padre Fábio relembra depressão com fala forte
Em uma live, o religioso foi entrevistado pelo comentarista Felipeh Campos e, ao ser questionado sobre o que sentiu no início da pandemia de COVID-19, ele afirmou que, em termos de saúde mental, foi um momento especialmente desafiador. Conforme explicou, após tomar a decisão de deixar os palcos no ano passado, ele fez inúmeros planos – e eles não se concretizaram.
“Quando eu tomei a decisão de parar com a música, eu fiquei emocionalmente muito bem. […] Então quando eu parei tudo e sabia que ia ter um ano de mais dedicação, uma vida interior, de vida menos pública, eu fui surpreendido por essa situação. Eu tinha programado estudos para essa época, tinha programado ficar um tempo fora do Brasil estudando, e nada disso foi possível”, explicou.
Diante dos planos não realizados, ele então se sentiu angustiado. “Eu precisava administrar a ansiedade de não poder concretizar aquilo que eu havia planejado. A gente nem sempre sabe lidar com a frustração. Eu tinha muito receio que o fato de não poder dar continuidade a aquilo que eu tanto esperava, que essa ansiedade de ficar trancafiado pudesse ser um gatilho para voltar a síndrome do pânico”, disse ele.
Após afirmar que buscou focar nas coisas que o fariam permanecer vivo emocionalmente, o padre foi questionado sobre já ter sentido vontade de tirar a própria vida, algo que ele confirmou. “Há três anos, sim. Quando eu tive minha crise pior, eu não pensava em outra coisa. Era só nisso que eu pensava. Ficava horas e horas do dia, da noite, pesquisando na internet formas de morrer”, revelou.
Descrevendo a época como “uma sombra muito difícil de ser enfrentada”, Fábio lembrou, inclusive, que não vê isso como um problema de fé. “Quando você não tem vontade de viver, não é só um fator religioso que está fragilizado. O fator religioso é o último. Eu posso até perder minha fé, [mas] se não perder minha esperança, eu vou sobreviver. Agora, se eu perco a esperança, talvez nem a fé seja capaz de se manter em pé”, disse.
Por fim, ele lembrou como se sentia desesperançoso nos melhores detalhes. “Aquela doença tem o poder de arrancar a esperança da gente. A esperança mais simples, que é aquela de você acordar de manhã e pensar: ‘O que é que eu vou fazer hoje?’. De repente, eu não existia, não tinha mais essas possibilidades, não sabia nem o que fazer na hora que acordasse. É extremamente debilitante quando você percebe que os motivos que lhe mantinham vivo, não mantêm mais”, explicou.
Nessa época, Fábio buscou ajuda especializada e teve seus distúrbios psíquicos devidamente medicados. Atualmente, apesar de ter algumas crises ocasionais, ele não se sente mais da mesma forma.
Assista à live completa:
Via 180 graus