Jogador piauiense é volante mais desejado do Brasil com contrato de R$ 2 milhões
Jonas é o volante mais desejado do Brasil, sendo que sua multa rescisória com o Sampaio Corrêa-MA é de R$ 2 milhões. Quatro dos 12 principais clubes do país o querem.
Cleiton Jarmes em 16 de outubro de 2014
Piauiense, de 1,80 m, com 79 kg e roubador de bolas, Jonas é simplesmente o volante mais desejado do Brasil, sendo que sua multa rescisória no contrato com o Sampaio Corrêa-MA é de R$ 2 milhões. Quatro dos 12 principais clubes do país o querem.
Cruzeiro, Corinthians, Flamengo e Fluminense têm interesse no atleta que completou 23 anos no último dia 8. “Destes que você falou, nós já recebemos propostas oficiais de dois”, disse o empresário do atleta, Eduardo Maluf, em entrevista ao portal do Espn. “E mais um deve formalizar [proposta] ainda esta semana”, acrescentou.
Várias têm sido as versões sobre o valor necessário para se tirar Jonas do time maranhense, mas a reportagem não só apurou a quantia exata, R$ 2 milhões, como conseguiu com o agente outra informação importante: o meio-campista é dono de parte de seus direitos.
“Ele deve carregar os 30% que tem”, afirmou Maluf, cuja empresa é a Dut’s Marketing Esportivo.
Explica-se: para contratar o meio-campista, a agremiação interessada precisará, então, pagar R$ 1,4 milhão ao Sampaio Corrêa-MA, dono dos 70% restantes. O assédio é tanto que por muito pouco o camisa 8 não passou a defender outra equipe já a partir do último dia 3, data em que acabou o prazo de inscrições para o Campeonato Brasileiro.
No entanto, uma conversa entre ele, seu representante e o presidente do time nordestino, Sérgio Frota, definiu sua permanência até o fim do ano em São Luís.
“A gente falou aqui, e meu pensamento até o fim da Série B é no Sampaio Corrêa”, disse o jogador, por telefone, ao ESPN.com.br.
Uma das explicações para quatro gigantes quererem Jonas está em sua fome dentro de campo. Primeiro volante, ele é, em média, o maior ‘ladrão’ de bolas da Série B, com 4,3 desarmes certos por partida, segundo estatísticas da Footstats.
Em números absolutos, ele é o segundo neste quesito, com 98 roubadas de bola corretas, só ficando atrás de Sandro Manoel, do Santa Cruz, que tem 101, mas uma média menor: 3,6 por jogo.
“Minha função, como primeiro volante, é a roubada de bola. Fico encarregado da marcação do meia-atacante de lado do campo”, explicou.
O piauiense também chega junto, mas sabe dosar a força, afinal, é o quinto que mais cometeu faltas na segunda divisão, 62, uma média de 2,7 por jogo, mas até agora não recebeu nenhum cartão vermelho – são sete amarelos. Regular, participou de 23 das 29 partidas do time.
Embora sua missão natural seja a de apenas entregar a bola após roubá-la, o que gera muitos passes curtos, teoricamente mais fáceis, Jonas também não compromete. Dos 509 que deu até agora, acertou 473, um aproveitamento de 92,9%.
Gol ainda é um tabu. “Dá, dá, sim [para ainda balançar as redes na Série B]. Venho buscando isso desde o primeiro jogo, contra o Paraná Clube, e estou tentando, tenho chegado com frequência na frente e batido faltas”, afirmou.
“Eu comecei na escolinha do Zé Nunes, aí fui para a base do Fluminense-PI”, disse o volante, que iniciou a carreira profissional no Piauí e depois foi para o Comercial, ambos de seu estado natal.
A virada começou justamente no Comercial. Era o dia 7 de março de 2012, e o jogo de ida da primeira fase da Copa do Brasil contra o Fortaleza acabou com derrota por 3 a 2, mas Jonas teve o que comemorar.
“Como para todo jogador, o começo foi difícil, e o futebol no Piauí não tem muita valorização, mas graças a Deus fiz um gol contra o Fortaleza… E a partir dali começaram a aparecer algumas coisas. Fiz um gol de fora da área, e o presidente Sérgio Frota disse que me queria no Sampaio Corrêa”, explicou.
Naquele mesmo ano, foi para o time de São Luís, que se consagrou campeão da Série D e, em 2013, conseguiu outro acesso, agora para a Série B. Ir à elite está mais difícil: o time é nono colocado, com 43 pontos, oito a menos que o Joinville-SC, hoje o último que garantiria o acesso.
Como tantos outros atletas do futebol brasileiro, Jonas abandonou a escola antes de terminar o ensino médio.
“Venho de família humilde, meu pai [Francisco] é pedreiro em Teresina [capital do Piauí], e minha mãe é dona de casa mesmo. Chegou uma hora que tive que escolher entre o futebol e a escola, aí arrisquei, né.”
Jonas também é evangélico e não só participa como às vezes é o orador do grupo do Sampaio Corrêa que se reúne para algumas orações.
“Sempre fazemos reuniões, e quando o administrador pede, eu leio uma palavra. A gente marca o horário e diz onde vai ser no grupo do WhatsApp, e quem quer, vai, independente de ser católico ou de outra religião, mas participa bastante gente, de dez a 14 pessoas”, detalhou o jogador que em 2015 deve trocar o Nordeste pelo Sudeste.
Fonte: ESPN