Miss Esperantina é alvo de racismo durante Miss Piauí e entra na Justiça
A miss Esperantina 2016, a modelo Kayra Nascimento, vai ingressar com uma representação junto ao Ministério Público do Piauí e à Polícia Civil.
Cleiton Jarmes em 23 de setembro de 2016
A miss Esperantina 2016, a modelo Kayra Nascimento, vai ingressar com uma representação junto ao Ministério Público do Piauí e à Polícia Civil para investigar o crime de injúria racial, a lisura do concurso Miss Piauí 2016; além de pedir reparação por danos morais. A informação é da advogada de Kayra, Laís Marques.
“Entrei na busca de transparência no procedimento do concurso. Junto com as demais candidatas lutamos muito para conseguir chegar até ali e não seria justo que todo o esforço tenha sido em vão, foi o sonho de muitas ali algumas tiveram de abdicar de muitas coisas. Nada contra a vencedora ao contrário, reconheço o seu esforço e seu merecimento. Apenas queremos esclarecimento neste concurso de 2016”, disse Kayra.
O concurso Miss Piauí 2016 foi realizado no dia 10 de outubro deste ano. De acordo com a advogada, os áudios em que uma pessoa fala sobre as atribuições das notas e chama a Miss Esperantina de “negrinha”, que foram divulgados após a data do evento, é a principal motivação para a entrada na Justiça. Os áudios foram vazados pelo Whatsapp e dizem ser de autoria do organizador.
“O áudio veio à tona após a realização do concurso, todas as candidatas tiveram acesso a ele. Ao ouvi-lo me senti chateada e indignada pelo tratamento diante das demais. No áudio fica bem claro que eu estou sendo descartada pela cor e sendo tratada de forma pejorativa”, comentou a miss, acrescentando que em nenhum momento durante o concurso percebeu práticas de preconceito racial. Ela disse ainda que isso é apenas uma barreira a ser quebrada e que seguira a carreira de modelo.
De acordo com a advogada da Miss Esperantina, Laís Marques, ela está reunindo os documentos necessários para ingressar com as representações contra o organizar do concurso, Nelito Marques. Ela disse ainda que a cliente não busca, a partir desta ação, anular o concurso, mas fazer com que outras candidatas não passem pelo mesmo constrangimento.
“A kayra já entrou com um pedido de providências junto a OAB e, no momento, estamos recolhendo material para entrar com a representação criminal junto à delegacia competente e ao Ministério Público pelo crime de injuria racial cometido pelo apresentador do concurso. Estamos reunindo informação também sobre a questão da lisura do concurso”, ressaltou Laís.
Sobre o ocorrido, o organizador Nelito Marques disse que o concurso ocorreu em lisura e que não tem nenhuma relação com os áudios que foram divulgados. Para ele, a candidata deveria ir atrás dos jurados, não da Justiça.
“Eu não tenho nada a ver com isso. Eu não tenho culpa de nada. Eu já fiz um B.O sobre isso que estão dizendo que sou eu, vão ter que provar. Quero saber se esse áudio tem meu nome. Se é minha voz. Deixa ela entrar na justiça. Eu estava no teatro e não peguei em nenhuma fica de votação. Eu não peguei em nada. Tem auditoria e tem auditorias somando os votos, eu não peguei em nada. Se esse áudio for meu. Tem que ter um autor, a voz não é minha. Só se pode fazer uma auditoria de concurso se ela fosse a segunda colocada, ela foi quase a penúltima. Não existe isso. É só loucura. Ela em que ir atrás dos auditores e jurados, não tenho nada a vê com isso”, disse Nelito Marques.
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