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Após oito meses em hospital, jovem em coma irreversível após cesariana vai pra casa em Teresina

Transferência de Karem Rafaela para casa é pelo risco de infecção hospitalar. Família luta para conseguir atendimento domiciliar, o 'home care'.

em 19 de maio de 2017

Jovem foi transferida no final da manhã desta sexta-feira de hospital em Teresina (Foto: Francisca Maria/Arquivo Pessoal)

Após oito meses internada e em coma irreversível devido uma cesariana, a jovem Karem Rafaela recebeu alta nesta sexta-feira (19) do Hospital Getúlio Vargas (HGV) em Teresina. Ainda em processo pedindo indenização, a família luta agora para que o município cumpra a decisão judicial de atendimento domiciliar, conhecido como “home care”.

Segundo a família, Karem Rafaela ficou em coma irreversível depois de ser submetida a uma cesariana em uma maternidade pública de Teresina e ficar 12h sem atendimento médico, com uma arteria rompida. Os familiares pedem indenização pelos danos causados à jovem. O caso também está sendo investigado pela Polícia Civil e Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI).

Francisca Maria Silva, tia da jovem, contou que Karem continua inconsciente e precisou ser submetida a uma traqueostomia (intervenção cirúrgica que colocou uma cânula para a passagem de ar) para poder respirar. Segundo ela, a alta da paciente se deu pelo risco de infecção hospitalar, caso ela continuasse internada.

“Os médicos não têm previsão de quando ela pode acordar, porque depende de vários fatores. Mesmo inconsciente, a Karem começou a respirar forte hoje, como se soubesse que vai para casa. Será o primeiro encontro dela com o filho, depois do nascimento dele”, comentou a tia.

Para receber a jovem de 18 anos, a família adaptou o quarto de Karem Rafaela com usando os materiais doados durante uma campanha de mobilização. Através da solidariedade de voluntários, uma mini Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foi montada em casa, com um respirador portátil, kit de nebulização e cilindro de oxigênio que foram doados.

“Ainda não conseguimos o gerador, caso falte energia, e estamos precisando também da colaboração de profissionais de saúde para seguir com o tratamento da Karem, principalmente de fisioterapeuta e nutricionista. Enquanto isso, o jeito é agendar consulta particular, porque não podemos esperar só pelo SUS [Sistema Único de Saúde]”, revelou a tia.

Família aguarda indenização
A advogada da família, Cíntia Andrade, contou ter entrado com processo na esfera civel solicitando a indenização e criminal para apurar o crime de lesão corporal culposa em Karem. No CRM, a investigação do caso continua em fase de sindicância e na polícia, testemunhas estão sendo ouvidas na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Teresina (DPCA).

“A Karem Rafaela sofreu uma parada cardiorespiratória, ficou 12h sem atendimento médico, sentindo tremores e sudorese, mesmo a família solicitando a presença de profissionais. A enfermeira e a médica que fez a cesariana informaram que os sintomas eram efeito da anestesia. A paciente ficou este tempo todo com a arteria vazando para a cavidade abdominal e depois de uma nova cirurgia entrou em coma, porque se tivesse sido atendida a tempo não teria ocorrido o que houve”, alegou a advogada.

Para Cíntia Andrade, a negligência do atendimento foi decisiva para agravar o estado de saúde de Karen e não tem justificativa. Apesar disso, segundo ela, a Secretaria de Saúde alegou que não houve dano moral, material e estético a jovem.

Já em ralação ao ‘home care’, a advogada disse que é fundamental para que a jovem continuar o tratamento médico. “Conseguimos a liminar há três meses na Justiça para atendimento especializado em casa, o home care, mas falta o cumprimento por parte do município. Protocolamos vários pedidos, inclusive de majoração de multa, mas até agora nada”, explicou.

O G1 tentou contato com a Fundação Municipal de Saúde, mas não conseguiu localizar ninguém para comentar o caso.

G1 PI

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