Cidades do Piauí ocupam segundo lugar no ranking de acidentes de trânsito
Segundo o Detran/PI, o Estado tem uma frota de 985.180 veículos, sendo 470.289 motocicletas e 292.292 automóveis. Só em Teresina, são 149.100 motocicletas e 181.054 automóveis.
Cleiton Jarmes em 25 de setembro de 2015
Somente no primeiro semestre deste ano, 1.138 infrações de trânsito foram registradas nas estradas que cortam o Piauí. Destas, 385 foram praticadas por pessoas não habilitadas, 203 por não licenciados e 107 não portavam documentos, como carteira nacional de habilitação e registro do veículo. Estes dados são do Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRE), que aponta ainda a ocorrência de 68 acidentes de trânsito até o mês de junho, sendo que 12 pessoas foram vítimas fatais.
De acordo com a coordenadora de ações educativas do Departamento de Trânsito do Piauí (Detran/PI), Kisley Urtiga, a região que engloba as cidades de Valença e Picos, ao Sul do Estado, está entre as mais perigosas do país. “Valença e Picos é uma região que está em segundo lugar, a nível nacional, de acidentes de trânsito. E o Piauí é um dos primeiros na lista de mais violentos no trânsito”, ressalta, acrescendo que, além de Valença e Picos, São Raimundo Nonato e Teresina também estão incluídas na lista das cidades mais violentas do país, no que se refere ao número de mortes e lesões permanentes causadas pelo trânsito.
Segundo o Detran/PI, o Estado tem uma frota de 985.180 veículos, sendo 470.289 motocicletas e 292.292 automóveis. Só em Teresina, são 149.100 motocicletas e 181.054 automóveis. “As pessoas tem perdido muito a paciência com a atenção que o trânsito exige. Orientamos que as pessoas saiam com antecedência, porque, muitas vezes, saem apressadas e, às vezes, infrações pequenas, como alta velocidade, podem acabar em uma colisão e causar graves acidentes”, declara Kisley Urtiga.
Foto: Elias Fontenele/ ODIA
Para a coordenadora, a consequência deste cenário é que o trânsito fica mais denso, perigoso e violento. “Nós pedimos que a mudança de comportamento venha das pessoas; por isso, a Semana Nacional de Trânsito tem o tema ‘Seja você a mudança no trânsito’, pois, se conscientizarmos de que cada um, certamente, conseguiríamos transformar e mudar essa realidade”, argumenta.
De acordo com Kisley Urtiga, as crianças têm sido grandes parceiras no trabalho de conscientização no trânsito, principalmente por causa das ações educativas executadas dentro das escolas. Mais dados A pesquisa do Núcleo de Estudos de Segurança do Trânsito, divulgada em 2011, aponta que o Piauí é o estado nordestino que tem a maior média de mortes em estradas, rodovias, avenidas e ruas por bilhão de quilômetro rodado do país. Foram 147,38 incidentes com morte por bilhão de quilômetros rodados registrados em 2008 e o risco de morte em acidentes de trânsito no Piauí é o maior do Brasil, sobretudo por causa da má conservação das pistas.
Sequelas que mudam a vida
O professor José Carvalho sofreu um acidente de motocicleta em janeiro deste ano e, até hoje, precisa do auxílio de muletas para caminhar. “Eu estava na Avenida Décio Alves Ferreira, uma das principais de Piripiri, na minha preferencial. A uma determinada altura da avenida, é mão única, com seta para os dois sentidos. E um motorista, em um carro, invadiu a preferencial, e eu colidi no carro”, afirma.
No acidente, José quebrou o fêmur esquerdo. “Ainda não me recuperei, fiz uma cirurgia, coloquei platina, passei quatro meses na cadeira de rodas e, hoje, ando de muletas. A previsão é que eu volte a andar sem o auxílio da muleta em janeiro do ano que vem. Um ano afastado das minhas atividades profissionais e sociais e, para onde eu vou, preciso ir de carro”, desabafa.
Para ele, além da dificuldade do acompanhamento do serviço público de saúde, o maior problema foi conseguir dar entrada no seguro DPVAT. “Tive que contratar um advogado para poder dar entrada, e eles queriam dar apenas um valor referente às despesas médicas de R$ 2.700, sendo que gastei mais de R$ 10 mil”, conta José Carvalho. Para ele, a maioria dos acidentes ocorre por negligência e, se houvesse um trabalho de conscientização da Polícia, fazendo o que é dever dela, dos guardas de segurança, seria muito diferente. “Dirigir em Piripiri é uma loucura, ninguém respeita nada”, reitera.
Já a estudante de enfermagem, Liara Estrêla, perdeu o pai em um acidente de motocicleta há três anos. “Ele estava na Avenida Barão de Gurguéia, em Teresina, de moto, e outra pessoa de moto colidiu nele. A outra pessoa morreu na hora, e meu pai ficou 15 dias na UTI e, em seguida, faleceu”, conta. O outro condutor não usava capacete.
Por: Ana Paula Diniz- Jornal O Dia