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Criança de 1 ano no Piauí morreu após 5 dias do primeiro sintoma de covid-19

em 14 de julho de 2020

O caso da pequena Maria Paula, que hoje completaria dois anos de vida, mas perdeu ontem (13) a batalha para a covid-19 no Piauí, mostrou a gravidade da doença com a qual se está lidando e o quanto o coronavírus apresenta um comportamento particular para cada pessoa infectada, o que torna o padrão de tratamento ainda incerto. A menina, por exemplo, não tinha comorbidades, apresentava boas condições de saúde e vivacidade, segundo o que apontaram os profissionais do Hospital Infantil Lucídio Portella, onde ela faleceu. Mas mesmo assim, a covid-19 em seu organismo teve uma rápida evolução e em cinco dias levou a criança a sofrer uma parada cardiorrespiratória.

Quem disse isso foi o diretor do Hospital Infantil Lucídio Portella, o médico Vinícius Pontes. Ele conta que Maria Paula apresentou os primeiros sintomas de covid-19 no dia 08 deste mês, quatro dias depois deu entrada no hospital em Teresina com um quadro extremamente grave e os médicos precisaram fazer inclusive a ressuscitação cardiorrespiratória da menina para tentar manter o coração em funcionamento.

“Ela deu entrada na madrugada de ontem, por volta das 3 horas da manhã, vinda de Campo Maior. Tinha um quadro de sepse avançada, os médicos tiveram uma dificuldade grande de manutenção da vida dela, fizeram ressuscitação, utilizaram medicamentos vasoativos para tentar manter o funcionamento do coração, mas infelizmente perderam esta batalha”, explica o diretor do Hospital Infantil.


A pequena Maria Paula faria dois anos hoje (14) – Foto: Reprodução

A situação de Maria Paula levanta uma outra questão: a da necessidade de se buscar atendimento médico assim que os primeiros sintomas da covid-19 aparecerem. Com uma equipe de saúde tendo conhecimento de que há um caso suspeito, ou mesmo com a confirmação precoce da doença, é possível monitorar aquele paciente e evitar que seu quadro se agrave de maneira rápida e inesperada como aconteceu com a criança.

O médico Vinícius Pontes alerta: não se pode esperar que a criança ou o paciente, seja ele de que idade for, apresente quadro grave para que seja tratado. “Esse é o empenho que temos que fortalecer. Nós precisamos alertar aos nossos profissionais de saúde que deem importância aos sintomas do paciente, que os monitorem, mesmo aqueles que são levados para casa após a consulta. Eles devem ser acompanhados diariamente para saber o quadro geral, medir a manutenção do oxigênio, saber como está a evolução dele clinicamente. Isso é mais importante neste momento”, diz o médico.

Orientações aos pais

Se para um adulto, já é difícil se adaptar às novas etiquetas de higiene impostas pelo coronavírus, para uma criança, essa tarefa é ainda mais desafiadora, sobretudo para aquelas de baixa idade, ou seja, que possuem menos de quatro anos. Depende dos pais e cuidadores para que os pequenos sigam as orientações sanitárias previstas nos protocolos da covid-19. Eles precisam ficar atentos à constante limpeza do ambiente onde vivem e aos sinais que podem indicar alguma mudança na respiração ou no quadro de saúde dos filhos.

“As crianças, por mais que elas não desenvolvam como um adulto a mesma gravidade da doença numa sequência maior, elas são condutoras dessas doenças, são vetores. O caso da Maria Paula mostra que mesmo uma criança pode também agravar. Então os cuidadores são responsáveis por evitar essa contaminação. Por exemplo, na criança de baixa idade, não conseguimos manter o uso de máscara por conta da natureza dela de não saber ainda respeitar ordens, então, depende dos cuidadores conduzir ao cumprimento dessa etiqueta e proteger essa criança”, orienta o diretor do Hospital Infantil.

Vinícius Pontes alerta ainda para essa flexibilização da quarentena e reabertura de alguns setores comerciais. De acordo com o médico, o momento é de se afrouxar o isolamento só e somente só para garantir meios de sustento às famílias que precisam recompor sua renda. Não é ainda hora de se reunir em confraternizações nem visitar locais de contato e convívio com outras pessoas como parques, shopping e afins.

“Uma das preocupações que temos é a negação da doença, a tendências que as pessoas têm de minimizar a ação do coronavírus, a gravidade dela. Esse caso da Maria Paula é um exemplo que mexe um pouco com a gente primeiro pela idade da criança, segundo porque é um caso que ninguém acredita que pode acontecer, mas aconteceu, infelizmente. Covid é uma doença de evolução incerta, pode não ser grave em alguns pacientes, mas em outro sim a ponto de levar à morte, então precisamos que as pessoas entendam isso. Temos que nos proteger e nos resguardar” finaliza Vinícius Pontes.

 

Via Portal O Dia