Cuscuz é declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco
Carmo Neto em 17 de dezembro de 2020
Os conhecimentos, as práticas e as tradições relacionadas ao preparo e ao consumo do cuscuz foram declarados, ontem, Patrimônio Imaterial da Humanidade pelo Comitê de Patrimônio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O pedido de reconhecimento foi feito em conjunto pela Argélia, Mauritânia, Marrocos e Tunísia –– países em que o prato é parte integrante do patrimônio cultural e consumido por praticamente toda a população, de todos os gêneros, de todas as idades, incluindo os imigrantes, e em todas as circunstâncias.
Renata Rios/CB/D.A Press
Mas o cuscuz não faz parte apenas da alimentação das sociedades das costas atlântica e mediterrânea da África. O prato foi introduzido no cardápio brasileiro pelos colonizadores portugueses e, hoje, é parte importante, sobretudo da cozinha nordestina.
No Brasil, o cuscuz pode ser encontrado em pelo menos três modalidades: o “marroquino”, feito com sêmola de trigo e normalmente servido com ensopados ou salada fria de legumes; o “branco”, doce e de tapioca, coberto com raspas de coco e, para quem gosta, com leite condensado por cima; e o “paulista”, com grandes pedaços de ovos, tomates e sardinha.
O nutricionista e culinarista Bernardo Romão explica que o cuscuz de milho é uma ótima fonte de fibras, além de possuir uma quantidade considerável de proteínas. “Pode ser considerado um substituto para o pão ou para a tapioca. Ele é benéfico para o funcionamento do intestino e, também, para prover saciedade numa refeição tão importante quanto o café da manhã, por exemplo”, observou.
Romão explica que apesar de o cuscuz ser um alimento considerado minimamente processado, pelo Guia Alimentar Brasileiro, é interessante que o cereal seja servido acompanhado de uma fonte de proteína e de gordura.
“Com ovos mexidos, queijo coalho ou com tofu amassado, no caso de uma pessoa vegetariana ou vegana. Também é muito comum que as pessoas consumam com carne seca, que é algo bem regional. Porque o cereal, por si só, acaba não dando muita saciedade e não tendo um valor nutricional muito interessante. Então, é importante que, dentro de um contexto nutricional dietético, seja aplicado junto com outros grupos alimentares”, salienta o especialista.
O nutricionista indica comumente o prato para os pacientes que atende e frisa que “deve ser valorizado e deve sim constar em nossos cardápios do dia a dia”. “Alimentação é cultura e afeto. O cuscuz faz parte da dieta de inúmeras famílias”, observou.
Fonte: Correio Braziliense