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Detento faz vídeo denunciando maus-tratos e tortura na Cadeia de Altos

em 19 de novembro de 2019

“Se alguém passar mal ali de madrugada e chamarmos por ajudar vai todo mundo para o pau”, relata o detento Deivid Rodrigues de Oliveira. Ele ficou cerca de 15 dias preso na Cadeia Pública de Altos (CPA), distante 38 KM de Teresina. Atualmente, ele cumpre o regime semiaberto e gravou uma série de vídeos, onde faz denúncias e afirma que os detentos do presídio, supostamente, sofrem maus-tratos, tortura e abuso de autoridade na mais nova penitenciária do Piauí, inaugurada há três meses.

“O tempo todo é porrada. Saiu eu e mais três dos meus colegas. Um deles está fazendo tratamento psicológico depois dali”, continua a relatar. Deivid Rodrigues também conta que CPA ganhou uma apelido entre os detentos de “inferno” e “cascavel”, em referência a uma cobra de veneno mortal, encontrada no Nordeste brasileiro.

Entre as agressões citadas pelo presidiário, estão as com spray de pimenta e balas de borracha, humilhações, restrição de alimentos e abuso de autoridade. Deivid, que foi preso Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO) por organização criminosa, por uso de documento falso e estelionato, chega a citar que dormiu 15 dias no chão e que não teve o direito de escovar os dentes no período em que ficou preso. Ele também denunciou que os reeducandos são privados de consultas médicas e que a assistência social é precária.

“No CPA somos bastante humilhados. Comemos spray de pimenta, não temos direito de nada. Tomamos café às 7h da manhã e almoçamos às 11h e às 15h é a janta. Não tem direito a entrar biscoito, não tem direitos a tomar banho de sol. Não tem nada, passei mais de 15 dias dormindo no chão, sem escovar os dentes. Lá a gente não come, é horrível, pegamos bala de borracha. Colocaram a gente para lavar cadeia, falando que quem manda na cadeia é o estado. Nós não estamos ali para brigar com o estado, estamos ali para cumprir com os erros que cometemos”, diz.

SEJUS NEGA TORTURA E MAUS-TRATOS

A Secretaria de Segurança do Piauí (Sejus) divulgou uma nota nesta segunda-feira (18/11), onde nega as denúncias do detento. Segundo a Sejus, tais práticas não são toleradas pela gestão. A secretaria também pontuou que não recebeu notificação oficial, por parte de órgãos competentes, acerca de supostas torturas na unidade penal.

“Sejus reitera que a unidade segue os protocolos de segurança e disciplina oriundos do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que visam resguardar a ordem e a disciplina, bem como garantir os direitos humanos das pessoas privadas de liberdade”, apontou.

maus-tratos, tortura e abuso de autoridade na mais nova penitenciária do Piauí, inaugurada há três meses.

https://youtu.be/CWO4QF0yntw

Confira a nota na íntegra

“Vídeos de presos denunciam torturas, agressões e maus tratos na Cadeia de Altos”, a Secretaria de Estado da Justiça informa que não procedem os fatos relatados na notícia, que tais práticas não são toleradas pela gestão. Informa também que não recebeu notificação oficial, por parte de órgãos competentes, acerca de supostas torturas na unidade penal, Cadeia Pública de Altos Antônio José de Sousa Filho. Sobre o vídeo que circula nas redes sociais, em que o ex-detento Deivid Rodrigues de Oliveira, preso no dia 16/10/19, pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO), a Sejus reitera que a unidade segue os protocolos de segurança e disciplina oriundos do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que visam resguardar a ordem e a disciplina, bem como garantir os direitos humanos das pessoas privadas de liberdade”

QUEM É DEIVID FERREIRA

Deivid Rodrigues de Oliveira integrou uma quadrilha do Maranhão, que aplicava golpes no Piauí. O grupo utilizava  aplicativos para roubar dados bancários de vítimas. A quadrilha obtinha as informações das vítimas, alterava documentos com os dados dos correntistas e efetuava os saques em agências bancárias no interior do estado. Durante a operação, a polícia encontrou documentos falsos, dados de contas correntes e equipamentos de informática usados para falsificar os documentos. Ele foi preso no dia 16 de outubro.

O detento que cumpre o regime semi-aberto, após ficar 15 dias presos na CPA, diz estar recebendo ameaças de morte por relatar as agressões.

DENUNCIAS DE TORTURA SÃO CONSTANTES

Não é primeira vez que detentos fazem denúncias de maus-tratos e até mesmo tortura em relação ao sistema prisional do Piauí. Em agosto, familiares de detentos foram até à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PI) denunciar supostos maus-tratos em penitenciária de Altos. Em outubro, mais denúncias foram feitas por detentos. No fim do mesmo mês, uma vistoria da OAB investigava denúncias de que os presidiários estariam comendo carne crua e bebendo água em recipiente de água sanitária.

Fonte: Oito Meia

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