Estado e União firmam acordo para manutenção da Serra da Capivara
O Governo do Estado participa, ainda esta semana, de viagem oficial ao Parque Serra da Capivara, no município de São Raimundo Nonato.
Sarah Maia em 24 de janeiro de 2017
O Parque Nacional Serra da Capivara, localizado no Piauí e elencado por organizações de renome internacional como patrimônio mundial, será mantido e gerido por uma parceria entre instituições da esfera pública. Em reunião de trabalho, nessa segunda-feira (24), foram definidos os últimos pontos do contrato de cooperação administrativa fruto de diálogo entre o Governo do Estado do Piauí e os institutos Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), somados à Fundação Museu do Homem Americano (Fundham).
O Governo do Estado participa, ainda esta semana, de viagem oficial ao Parque Serra da Capivara, no município de São Raimundo Nonato. Na ocasião, serão feitas vistorias nas estruturas e nas reformas em andamento e na mesma visita, o Estado, em colaboração com a Fundham, celebram assinatura de contrato com o Iphan e o ICMBio.
Com duração inicial de três anos, o contrato vai nortear ações dentro do perímetro do parque Serra da Capivara, envolvendo áreas de administração e de uso público, pesquisa e manejo dos recursos naturais, patrimônios arqueológicos e educação ambiental. A parceria entre o estado e os órgãos federais também vai envolver vigilância, fiscalização, controle de queimadas, limpeza e coleta seletiva e reciclagem de resíduos.
Para a vice-governadora Margarete Coelho, que mediou a reunião de trabalho, o objetivo foi sentar na mesa e pensar as possibilidades de colaborações técnicas, jurídicas e econômicas entre os entes envolvidos. “A principal possibilidade foi a gestão compartilhada. Os termos do acordo foram debatidos com antecedência. Discutimos como o pacto vai funcionar, qual o papel de cada, evitando, assim, futuras crises que afetem o desenvolvimento do parque e dos seus reflexos no desenvolvimento da região”, pontuou Margarete.
Ela ainda acredita que a colaboração entre os âmbitos estadual e federal faz parte de uma metodologia moderna para se encarar os desafios da administração pública atual. “A tônica da administração pública moderna é buscar parcerias, até mesmo pelo princípio da economicidade os órgãos devem contribuir entre si. É sentar e ajustar essas agendas, ajustar essas competências, as atividades de cada um, enfim, fazer com que o parque aconteça e demonstre seu potencial”, explicou a vice-governadora.
No contrato, são obrigações do Estado do Piauí apoiar atividades de combate a incêndios, apoiar nas ações de vigilância e fiscalização, e implantar uma guarnição de polícia ambiental no município de São Raimundo Nonato. De acordo com o documento, o Piauí ainda deverá apoiar o desenvolvimento de atividades culturais e de ações para a melhoria da infraestrutura do entorno e os serviços prestados às populações da região. Outro ponto designado a administração estadual é criar incentivos fiscais que fomentem a preservação e o turismo no parque.
O governo federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente, tem demonstrado, nos últimos meses, interesse em colaborar com a manutenção do Parque Serra da Capivara. O ministro Sarney Filho esteve no Piauí em junho de 2016 para uma visita ao parque. Na época, recém-nomeado, a viagem ao Piauí foi a primeira ação de sua agenda ministerial.
Outra instituição que tem se mostrado empenhada no fortalecimento da Serra da Capivara é o Iphan. Toda a cúpula do instituto está no Piauí para a viagem a São Raimundo Nonato onde será firmado o acordo.
Segundo a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, o Parque da Serra da Capivara é uma riqueza do Brasil, que pede uma responsabilidade e um cuidado por seu destaque para a história do homem. “O parque não é só um patrimônio do Piauí ou dos brasileiros, mas pertence a toda a humanidade. Isso aumenta exponencialmente a responsabilidade do Brasil, que assinou como consignatário as cartas internacionais se responsabilizando pela proteção desse tesouro”, ressalta a gestora.
Para o Iphan, é importante que o povo brasileiro, não só os piauienses, entendam a importância das riquezas da Serra da Capivara, seus sítios arqueológicos, ecossistemas, bem como a fauna e flora. “A humanidade deve reconhecer esse lugar como um lugar especial para a compreensão da trajetória humana. Queremos que a Serra da Capivara seja um lugar para onde as pessoas queiram muito ir conhecer, e que a gente possa, por meio do parque, fortalecer o desenvolvimento social e econômico de toda a região na qual ele está inserido”, complementa a presidente do instituto.
As áreas de entorno, o corredor ecológico Serra da Capivara e Serra das Confusões e a zona de amortecimento dos parques poderão também ser objetos de ações integradas do acordo entre o Estado e os órgãos federais.
Funcionamento do acordo
Para a execução e o monitoramento da parceria administrativa será criado o Comitê Permanente de Acompanhamento e Gestão. Por meio dele, serão deliberadas as ações e as respectivas responsabilidades de cada órgão envolvido. O ICMBio, por exemplo, deverá trabalhar no âmbito ecológico. O Iphan, por sua vez, na vertente de patrimônio histórico e cultural.
Após a assinatura do acordo, prevista para esta semana, deverão ser indicados, no prazo de 15 dias, os membros representantes do Comitê Permanente de Acompanhamento e Gestão. Trinta dias depois, o ICMBio publicará portaria com os nomes dos membros que irão compor o comitê.
Divulgada a composição do comitê, as partes terão sessenta dias para apresentar um diagnóstico da situação do parque com relação às obrigações assumidas no acordo. Concluído o diagnóstico, um novo prazo de sessenta dias será estabelecido para a elaboração de um plano de gestão com definições de ações, prazos, matriz de responsabilidades e estimativas de custos.
Pertencimento piauiense
De acordo com pesquisa levantada recentemente pelo Governo do Estado, cerca de 60% da população do entorno da reserva Serra da Capivara não conhece o parque. “Daí a insistência do governo de incluir também, nessa pauta que veio de Brasília, os municípios. Porque não é possível que os municípios que doaram terras para o parque não o sintam como algo que lhes pertence, como se fosse algo de estrangeiros. Na verdade, o parque é de todos os brasileiros, mas o parque está no Piauí, então os piauienses também têm de ter esse sentimento de pertencimento do parque”, convidou a vice-governadora.
Atualmente, a unidade de conservação abrange territórios dos municípios piauienses de Canto do Buriti, Coronel José Dias, São João do Piauí e São Raimundo Nonato.
Portal do Governo do Estado do Piauí