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Família consegue impedir suicídio de jovem piauiense após postagem no Facebook

Segundo o psicólogo Carlos Aragão, especialista em prevenção ao suicídio, muitos jovens estão recorrendo às redes sociais para anunciarem o desencantamento com a vida, a tristeza, a melancolia e até mesmo a depressão.

em 02 de março de 2017

Ilustração (Foto: Reprodução)

Um sinal de alerta no Facebook foi o que salvou um jovem do suicídio, em uma cidade do interior do Piauí. O rapaz postou em seu perfil que estava se despedindo e informou o que havia feito para tirar a sua vida. Assim que viram a mensagem, familiares conseguiram intervir e levaram o jovem para o hospital.

Segundo o psicólogo Carlos Aragão, especialista em prevenção ao suicídio, muitos jovens estão recorrendo às redes sociais para anunciarem o desencantamento com a vida, a tristeza, a melancolia e até mesmo a depressão. “É típico dos nossos dias se manifestar publicamente através da internet. Isso também vale para a intenção de morrer”, destaca.

Os sinais podem ser bem claros, como fez o jovem no final de semana, ou implícito. “Frases como ‘minha vida não tem mais sentido’ ou ‘não tenho projetos pra viver’, querem dizer alguma coisa. Quando o anúncio é explícito, é um ponto importante para identificar que a pessoa está em sofrimento grave”, alerta Aragão.

A orientação do psicólogo, para as pessoas que virem postagem como essas, é de que a intervenção deve ser feita de acordo com o lugar que cada um possui na vida do outro. “Se você é amigo ou parente, pode chamar inbox para conversar, mas sabendo que existe um limite. Caso identifique uma situação mais grave, principalmente a iminência de morte, deverá sair do mundo virtual e ir com a pessoa buscar ajuda de um profissional de saúde mental”, orienta.

Um dos erros mais cometidos por leigos no assunto, é pensar que os clichês ou frases de efeito podem dar algum resultado. “Dizer que a vida é bela, que a pessoa não tem motivos para estar daquela forma não funciona. Na verdade, você estará desqualificando o sofrimento do outro e isso é inadequado”, informa o psicólogo.

Saindo do âmbito da rede social, alguns comportamentos podem ser observados. O isolamento social, a queda no rendimento acadêmico ou profissional, tristeza profunda, mudança brusca de comportamento e perda do prazer nas atividades que antes alegravam são considerados sinais de alerta os que convivem com alguém que tenha tendências suicidas.

Fatores de risco

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, são três os principais fatores de risco para o suicídio. A principal delas é uma tentativa anterior, o que já havia ocorrido com o jovem que fez a postagem no Facebook.

O segundo fator é a incidência de transtorno mental. “Transtorno bipolar e depressão são os que estão mais associados ao suicídio”, comenta Carlos Aragão, acrescentando que o terceiro fator é o histórico familiar.

Não é possível, entretanto, determinar a motivação para que uma pessoa queira parar de viver. “O suicídio é um fenômeno complexo e multideterminado. É a interação de vários fatores que levam a essa decisão. Os fatores de risco indicam que é preciso triplicar a atenção e encaminhar a pessoa para um profissional de saúde mental”, informa o psicólogo.

Crise de orientação sexual

É sintomático a quantidade de jovens homossexuais que tentam ou que interrompem a própria vida. A crise de orientação sexual, e não a orientação em si, também é um fator de risco que leva especialmente adolescentes a esse extremo.

Carlos Aragão cita uma pesquisa norte-americana cujo resultado revelou que um jovem gay tem cinco vezes mais chance do que um hétero de se tornar suicida. “Não por ser gay, mas pela pressão que eles sofrem”, afirma o especialista.

De modo geral, os grupos minoritários estão mais suscetíveis aos estigmas sociais negativos. Alguns jovens não são aceitos pela família e sofrem preconceito na escola ou no trabalho. Estão, portanto, mais vulneráveis às situações que causam grave sofrimento.

Dados

Em setembro do ano passado, a Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) divulgou um boletim epidemiológico com números sobre mortes provocadas por suicídio. De acordo com esses dados, o estado possui Taxa Bruta Mortalidade Especifica por Suicídio 43% maior que a média nacional. Enquanto no Brasil a taxa é de 5,3 mortes por grupo de 100 mil habitantes, no Piauí esse indicie chega a 7,6 mortes, considerando dados de 2014.

Chama a atenção também que o número de óbitos entre os homens é mais de 4 vezes maior do que o número de mortes de mulheres. No Piauí, a taxa de suicídio de homens é de 13,1 para cada 100 mil habitantes, e de 3,7 para mulheres.

Por outro lado, as tentativas são mais frequentes entre as mulheres. Em números absolutos, no ano de 2016, considerando dados coletados até junho, foi registrado que 322 mulheres atentaram contra a própria vida, contra 199 tentativas por homens.

O estudo revelou também que a faixa etária onde há mais mortes é a de 20 a 29 anos, seguida pela faixa de 30 a 39 anos. Cristiane destaca, no entanto, que o suicídio é uma das 10 maiores causas de morte em todas as faixas etárias. O levantamento revela inclusive casos de suicídio de crianças entre 10 e 14, e idosos com mais de 79 anos.

Ajuda

Em Teresina, um dos serviços de prevenção é oferecido pelo CVV (Centro de Valorização da Vida). Pessoas com ideação suicida podem ligar para o número 3222-0000 e conseguir ajuda.

Outra forma de obter informações sobre prevenção de suicídio é no site da Organização Mundial de Saúde (OMS), e no site do Ministério da Saúde, que possui o Programa de Estratégia Nacional de Prevenção ao Suicídio. Uma alternativa de leitura é o livro “Viver é a melhor opção”, do autor André Trigueiro, publicado em 2015.

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