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Garoto achado em cela de presídio dormiu em ala com sete presos por estupro, dizem agentes

Secretaria de Justiça confirmou que ala abriga 25 presos, a maioria condenados por crimes sexuais. Agentes e o menino, em depoimento, afirmam que ele ficou no presídio por 18 horas.

em 06 de outubro de 2017

Ala em que o garoto foi achado fica separada do presídio (Foto: Divulgação/Sinpoljuspi)

 A ala da Colônia Agrícola Major César Oliveira onde o adolescente de 13 anos foi encontrado, no último sábado (30), abriga pelo menos sete presos que cumprem pena por estupro, segundo o Sindicato de Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi). O sindicato disse que o garoto permaneceu por cerca de 18 horas na penitenciária. Segundo a Secretaria de Justiça (Sejus), a ala abriga 25 presos, a maioria por crimes sexuais.

Conforme a Secretaria de Justiça (Sejus), o prédio em que o adolescente foi encontrado é um espaço que costuma abrigar presos de um perfil específico e todos circulam livremente pelo local, podendo ter acesso ao garoto.

“Aquele local é diferenciado, para presos que apresentam determinado tipo de comportamento. Quem fica lá são detentos que respondem por crime sexual”, explicou o responsável pela Diretoria da Unidade de Administração Penitenciária (DUAP), o tenente-coronel Adriano Lucena.

Casa abriga presos por estupro na Major César (Foto: Divulgação/Sinpoljuspi)

Casa abriga presos por estupro na Major César (Foto: Divulgação/Sinpoljuspi)

Lucena disse ainda que estes presos não podem ficar no convívio dos outros, por uma necessidade de proteção que o estado precisa fazer pela integridade física e psicológica deles. O preso com quem o menino ficoué considerado um amigo da família, a quem o pai do garoto chama de “compadre”.

O presidente do Sinpoljuspi, José Roberto, disse que não é possível ainda afirmar o que aconteceu na ala durante o tempo em que o garoto ficou por lá, cerca de 18 horas. O menino confirmou o tempo que ficou no presídio em depoimento à polícia. Ele teria chegado às 8h da manhã e saído apenas às 2h da madrugada do dia seguinte, quando foi achado por agentes penitenciários.

“Ele passou o dia lá com a família. Depois que os pais foram embora e deixaram ele lá, ele ficou até o momento em que foi encontrado pelos agentes penitenciários debaixo da cama do detento, já na madrugada”, informou o presidente.

O presidente destacou que o menino só foi achado porque os agentes notaram uma movimentação suspeita na ala. Os agentes em geral não têm acesso ao lugar, que foi construído inicialmente para servir de residência ao diretor do presídio. Por isso, o setor não tem cerca ou muro e, ainda de acordo com o Sinpoljuspi, os presos têm acesso livre à BR-343, que fica diante da unidade prisional.

Menino de 11 anos foi encontrado debaixo da cama de um detento (Foto: Divulgação / Sinpoljuspi)

Menino de 11 anos foi encontrado debaixo da cama de um detento (Foto: Divulgação / Sinpoljuspi)

Zé Roberto declarou ainda que após o ocorrido, o detento que ficava na cela onde o garoto foi encontrado foi transferido para a ala de triagem. “É uma punição em que a pessoa não recebe visita e também não tem direito ao banho de sol”, explicou.

Para o delegado, o abuso sexual não ocorreu, mas tudo leva a crer que o garoto poderia ser molestado. Ele destacou que a ação diligente dos agentes penitenciários na vistoria talvez tenha impedido o crime.

“Não houve nem tentativa e o nosso código não pune os atos preparatórios. Mas se o menor está em uma cela juntamente com um cidadão que já cometeu um crime sexual, a possibilidade, a periculosidade e vulnerabilidade do menor ser abusado são grandes. O que sabemos é que o menor recebia bombons, biscoitos e outros produtos do preso. Geralmente os abusos sexuais se iniciam justamente com presentes e pessoas próximas. Será que os irmãos já foram abusados? Tudo isso será apurado”, destacou”, comentou.

Garoto e irmãos são enviados a abrigo e pai é preso

Após o caso, Conselho Tutelar e Ministério Público passaram a acompanhar o menino e pediram o afastamento dele e de deus irmãos do convívio com a família. O menino de 13 anos, e os irmãos de 8, 9 e 12, foram enviados a um abrigo.

A justiça decretou a prisão do pai e do detento com quem o garoto ficou e negou o pedido de prisão da mãe do adolescente, sob alegação de que apesar de ter sido negligente, ela possui bons antecedentes e não queria que o menino dormisse na penitenciária.

O pai foi preso assim que o mandado foi expedido, na própria delegacia de Altos, quando buscou o delegado para comunicar que faria uma viagem, mas já ficou detido. Já o cumprimento do mandado de prisão contra o detento se deu na Colônia Agrícola Major César Oliveira. Ele será conduzido novamente para o regime fechado, já que cumpria pena no semiaberto.

G1 PI

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