Juiz é intimado e confessa ter atropelado estudante de Radiologia em Teresina
O juiz aposentado Antônio Brito, de 82 anos, que atuou durante vários anos na comarca de Campo Maior (PI),
Cleiton Jarmes em 29 de julho de 2015
O juiz aposentado Antônio Brito, de 82 anos, que atuou durante vários anos na comarca de Campo Maior (PI), compareceu à Delegacia Especializada em Acidentes de Trânsito, em Teresina, e confessou que estava dirigindo o veículo modelo Hilux SW4 que atropelou e matou a estudante de Radiologia Ana Kaline. O acidente aconteceu na tarde do último dia 16 de maio no cruzamento das avenidas Eliseu Martins com 24 de Janeiro, no Centro de Teresina.
De acordo com a delegada Cassandra Moraes Souza, titular da especializada, o juiz foi intimado e compareceu ao DP. O inquérito segue em aberto, mas o relatório final deve ser concluído ainda esta semana e encaminhado para o Ministério Público Estadual.
“De fato ele foi intimado, compareceu na data e confessou que estava dirigindo o veículo no momento do acidente. Ele relatou toda a ação e disse que estava transitando dentro do limite de velocidade permitido na via. Ouvimos todas as testemunhas e já estamos fechando o relatório final. Em seguida encaminharemos para o Ministério Público”, explicou.
Devido à idade do magistrado aposentado, a legislação garante que o mesmo não fique preso, mesmo que seja condenado pelo crime. Sobre isso, Cassandra diz que o juiz que irá conduzir o caso irá atentar para esses detalhes. “O juiz é quem irá dizer como será. De fato ele já é uma pessoa acima dos 80 anos e a Justiça não permite a prisão”, finalizou.
Para o bacharel em Direito e policial militar João Henrique, primo da vítima, a situação agora é mais confortável. Segundo ele, a família passa a ter mais tranquilidade e irá acionar a Justiça para que o acusado possa arcar com uma pensão mensal para a filha da vítima, que tem apenas dois anos de idade.
“Com certeza o clima agora é de tranquilidade, mas ainda é revoltante, principalmente por se tratar de uma autoridade que poderia se apresentar e assumir o que fez. Ele deveria procurar a família, ela tem uma filha de apenas dois anos, e a única renda fixa na casa era a dela. Entramos com um processo na Justiça pedindo a pensão, mas foi negado. Vamos novamente acionar a Justiça, só que agora é pra fazer com que o juiz pague essa pensão”, contou.
INVESTIGAÇÃO PARALELA
João Henrique lembrou que toda a investigação feita até chegar ao possível suspeito foi realizada exclusivamente pela família de Ana Kaline. Após encontrarem imagens de câmeras de segurança que revelaram a placa do veículo, os familiares investigaram e encontraram o proprietário. Todas provas foram levantadas, reunidas e entregue nas mão da Polícia Civil.
“Fizemos tudo e passamos para a delegada. Eles já ouviram todas as testemunhas que estavam lá na hora do acidente e intimaram o acusado. Ele confessou para a delegada que estava dirigindo o carro e disse que trafegava dentro do limite permitido na via, mas nós sabemos que não era”, contestou.
A via tem velocidade máxima permitida de apenas 50 Km/h. A família suspeita que o acusado estaria trafegando com uma velocidade de pelo menos 80 Km/h, 30 acima do permitido.
O ACIDENTE
O grave acidente ocorreu por volta das 16h do sábado (16/05) no cruzamento das avenidas Eliseu Martins com 24 de Janeiro. Na ocasião, a vítima seguia em uma motocicleta e foi colhida e arrastada por aproximadamente 10 metros. A morte foi imediata.
A vítima era estudante de Radiologia e estava voltando para casa no momento do acidente. Ana Kaline era casada e mãe de uma filha de dois anos. Ela residia no bairro Cristo Rei, zona Sul de Teresina.
Fonte:O olho