Moradores pagam para cercar cemitério ‘esconderijo de bandidos’
População protesta contra constantes casos de roubos e homicídios. De acordo com eles, bandidos fazem até exumação de corpos.
Sarah Maia em 08 de fevereiro de 2017
Por conta da falta de iluminação e de um muro no Cemitério Santa Cruz, os moradores do Planalto Santa Fé, na Zona Sul de Teresina, reclamam da completa falta de segurança e da constante violência que tem ocorrido na região. Eles protestam contra roubos, furtos, homicídios, tiroteios e até exumação de corpos que, de acordo com eles, estão registrados na polícia.
Indignados e com medo, os moradores resolveram agir. Eles estão construindo uma cerca de arame farpado para dificultar a ação dos bandidos. Uma moradora, que preferiu não se identificar por medo de represálias, disse que todos os dias a população que mora na região é alvo de criminosos.
“Nós vivemos com medo. Aqui todo dia tem tiroteio, arrombamento de casas e assalto. Os bandidos usam o cemitério como esconderijo e aproveitam a hora que as pessoas estão chegando em casa para cometer os crimes. O cemitério serve também para esconder produtos de roubo. Para tentar evitar ou diminuir os roubos, resolvemos pagar trabalhadores para instalar uma cerca com arames farpados. Os valores estão sendo pagos pelos moradores, sendo que a obrigação é do poder público, ou seja, da prefeitura”, denunciou.
O G1 tentou falar com o superintendente executivo da Superintendência de Desenvolvimento Urbano Sul (SDU-Sul), Paulo Roberto Nonato, mas não obteve êxito.
Outra moradora, que também não quis se identificar, relatou que casas estão sendo colocadas a vendas bem abaixo do valor de mercado devido à violência. “Muitos vizinhos já se mudaram e agora estão colocando as casas para vender. Alguns oferecem a casa bem baratinha. Aqui tinha uma fábrica de iogurtes, mas fechou porque todos os dias era alvo de bandidos”, relatou.
Ainda segundo os moradores, nem mesmo os mortos são poupados das ações criminosos. “Os bandidos retiram as pedras de mármores dos túmulos para vender ou trocarem por drogas. Uma vez retiraram um corpo de dentro de um dos túmulos e o incendiaram. Vejam a que ponto chegam as ações criminosas na nossa região”, falou a moradora.
Segundo o tenente-coronel John Feitosa, coordenador de comunicação da Polícia Militar, as questões de segurança do local não envolvem apenas a polícia. “Os moradores ficam vulneráveis pela falta do muro, já que os bandidos se escondem no cemitério. Além disso, as pessoas têm que registrar a ocorrência e procurar sempre a Polícia Militar. Iremos fazer levantamento da área e aumentar o policiamento”, garantiu.
G1 PI