MP encerra projeto que reeduca agressores de mulheres
O projeto Reeducar tem segunda edição prevista para o mês de julho, em que serão acompanhados, sob determinação judicial, quinze homens envolvidos em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Sarah Maia em 23 de maio de 2017
Depois de nove meses de encontros, palestras e debates, a primeira edição do Projeto Reeducar – O Homem no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, encerrou nesta terça-feira (23).
Implantado e executado pelo Ministério Público do Piauí (MP-PI), por meio da 10ª Promotoria de Justiça – órgão integrante do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (NUPEVID), o projeto desenvolveu em nove módulos, sendo um a cada mês, atividades visando a reeducação de nove homens envolvidos em situação de violência contra a mulher e que respondem judicialmente pelo crime.
Ao longo do Reeducar, foram abordados diversos temas acerca da desconstrução da cultura machista e de violência, como controle emocional, relação entre drogas e violência, saúde do homem, Lei Maria da Penha e, neste último módulo, o encontro teve como conteúdo principal a campanha nacional do Laço Branco.
“O objetivo maior da campanha Laço Branco é tentar sensibilizar os homens para que eles se engajem nessa luta de enfrentamento à violência contra a mulher. Nós sempre usamos estratégias que façam com que eles se percebam como homens que também podem contribuir nessa luta”, explica Joana D’arc, representante da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres.
Para o participante C.H. M. M., de 33 anos, com o fim do projeto surge o começo de uma nova visão de mundo. “Eu era totalmente machista. Fui criado assim numa família de três irmãos e nenhuma mulher. Então eu fui criado com essa opinião machista de que o homem pode tudo, que o homem, supostamente, tem poder sobre a mulher. Então foi a partir do momento que aconteceu esse problema comigo e eu vim participar desse projeto, que foi mudando a minha concepção de que a relação entre homens e mulheres não é do jeito que eu pensava, é totalmente diferente, com igualdade de deveres e direitos”, conta o participante.
A promotora de Justiça Amparo Paz, coordenadora do projeto Reeducar, faz um balanço do que foi trabalhado. “Todo o trabalho que nós desenvolvemos aqui foi com um propósito, o de contribuir para a transformação da vida desses homens. Sendo assim, é muito satisfatório para todos nós da equipe chegarmos até o fim dessa edição tendo chegado a excelentes resultados de aceitação e absorção da cultura de igualdade e respeito”, frisa Amparo Paz.
O projeto Reeducar tem segunda edição prevista para o mês de julho, em que serão acompanhados, sob determinação judicial, quinze homens envolvidos em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
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