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Bispo de Picos critica perseguições políticas do prefeito a servidores públicos e líderes sociais

em 17 de fevereiro de 2019

P40G-IMG-70a582905bba67452a.jpg(Foto: Reprodução)

O bispo diocesano de Picos, Dom Plínio José Luz e Silva, criticou de forma veemente as perseguições que alguns servidores municipais e agentes sociais e comunitários vêm enfrentando recentemente do prefeito municipal, Padre José Walmir de Lima (PT), diante de críticas à gestão local e cobranças de melhoria em algumas políticas públicas.

O relato em tom de decepção ocorreu no dia 10 de fevereiro, em entrevista do líder religioso à comunicadora e psicóloga Graça Moura que apresenta semanalmente o programa “Passo a Passo”, na Rádio Cultura FM de Picos.

De acordo com o representante maior da Igreja Católica, no mês de novembro próximo passado, após nova manifestação dos moradores do povoado Valparaíso em decorrência do descaso da gestão municipal com o Lixão que fica instalado nas proximidades daquela comunidade, a professora Rosilene Moura (que também é presidente da Associação de Moradores) teve seu contrato de trabalho temporário rescindido pela Secretaria Municipal de Educação antes do prazo previsto e até mesmo previamente ao término do ano letivo de 2018.

A própria educadora e líder social lamentou a perseguição política suportada em razão de suas manifestações e cobranças na mesma emissora de rádio, onde, participou ao vivo do programa “Manhã da Cultura”, apresentado pelo âncora Erivan Lima.

Na entrevista, o bispo diocesano I disse não ter dúvidas que a demissão da servidora pública ocorrera após a mesma ter denunciado na Rádio e em alguns portais da cidade o abandono do Lixão do Valparaíso, desde meados do ano passado, quando a empresa que administrava o local foi afastada pelas secretarias municipais de serviços públicos e meio ambiente.

NOVAS PERSEGUIÇÕES

Membros da comissão organizadora do Movimento Social “Recicla Picos” também vêm denunciando que após o lançamento oficial do grupo suprapartidário que debate vários temas públicos, principalmente, os de cunho ambiental, alguns simpatizantes também foram ‘reprimidos’ por gestores locais.

O Movimento vem catalogando os vários casos de remoção/transferência sumária, demissão sem justa causa e pressão psicológica nas redes sociais para encaminhar denúncia formal aos órgãos de controle, como o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Estadual e até entidades nacionais e internacionais que defendem a livre manifestação de pensamento político.

A caçada do gestor petista não vem poupando nem os companheiros de longas datas. No início do mês de Janeiro, o coordenador de comunicação social do município e dirigente histórico do PT local, advogado José Neto Monteiro, foi exonerado surpreendentemente por pertencer à base do vereador Wellington Dantas (PT) e ter coordenado a campanha exitosa dos deputados petistas Fábio Novo e Regina Dias em Picos, oportunidade em que o grupo conseguiu arregimentar mais de 2.000 votos para o primeiro e quase 4.000 votos para a segunda.

Zé Neto Monteiro é bem ativo nas redes sociais e nos movimentos de base ligados à esquerda e, atualmente, é um dos poucos petistas que se manifesta publicamente em favor do movimento “Lula Livre” e denunciando o suposto golpe que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu do MDB e seus aliados. O mesmo foi o coordenador de marketing e publicidade tanto do Movimento “Muda Picos” como da campanha de reeleição do atual prefeito e seu vice, o petebista Edílson Carvalho.

Para a imprensa local e alguns analistas da política, a “demissão” do então coordenador foi, sem sombra de dúvidas, uma represália ao grupo do vereador que entrou em campo contra os candidatos oficiais do Palácio Coelho Rodrigues – Severo Eulálio (MDB) e Paes Landim (PTB) e fez muita gente lembrar do emblemático livro de Fernando Gabeira: O que é isso, companheiro?

“FAÇA O QUE EU DIGO, MAS NÃO FAÇA O QUE EU FAÇO”

Ironicamente, o atual gestor maior do município de Picos/PI galgou acensão social e política com um movimento popular semelhante ao “Recicla Picos”, iniciado nos meados de 2011, quando ainda era pároco da Igreja Católica de São José Operário e questionava diversas ações administrativas, políticas e culturais do prefeito da época Gil Marques de Medeiro (ex-MDB e hoje PP).

Uma das principais bandeiras de luta daquele “movimento de mudança” sucumbido após as eleições de 2012, onde o ex-pároco e hoje político se elegeu vice-presidente e assumiu a super-poderosa Secretaria Municipal de Educação, era o combate às perseguições aos servidores da época.

Caso épico, foi a remoção da servidora Cícera Veloso da Unidade Escolar da Chapada do Mocambo para o Povoado Coroatá sem nenhum motivo plausível a não ser empatia àquele grupo social que se formara e perseguições do então prefeito Gil Paraibano e de seu representante político da região Antônio Veloso, a quem a servidora efetiva não ‘baixava a cabeça’.

Vários atos do Sindicato dos Servidores Públicos do Município (SINDSERM), que acompanhava as denúncias naquele período, foram reforçados pelo ex-líder religioso que fazia questão de ir às manifestações, passeatas, atos de greve e,até, sessões na Câmara dos Vereadores.

Passados exatos 08 anos, as cenas de opressão e tirania política retornam e de forma mais agressiva e repugnante possível, principalmente por partirem de cidadãos com formação sócio-religiosa diferente dos administradores comuns.

Lamentavelmente, o antigo brocado popular “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” nunca foi tão adaptável como nos dias atuais na “Cidade Modelo”.

Fonte: Recicla Picos

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