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Em áudio, prefeito do Piauí combina preço de licitação com empresário

Os advogados do prefeito ainda não se manifestaram sobre as acusações feitas pelo Ministério Público.

em 15 de julho de 2016

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A Polícia Civil do Piauí divulgou na noite de quinta-feira (14) o áudio de uma conversa do prefeito de Redenção do Gurguéia, Delano de Oliveira Parente Sousa (PP), e um empresário. Segundo o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Rômulo Cordão, na gravação o gestor preso durante a Operação Déspota negocia o valor de uma licitação.

Os advogados do prefeito ainda não se manifestaram sobre as acusações feitas pelo Ministério Público.

“Este foi apenas um dos aúdios coletados durante a investigação. Na gravação, o prefeito conversa com um empresário para diminuir o valor da licitação, para não que não exceda R$ 15 mil, porque acima deste valor necessariamente deveria existir um processo licitatório mais complexo e o preço abaixo disto a lei permite que haja uma dispensa. Tal abertura facilita o gestor prestigiar determinadas empresas e ter acesso ao dinheiro público”, explicou o promotor.

No áudio (veja acima), o prefeito demonstra total conhecimento da lei para não ser investigado pelo Tribunal de Contas do Estado ao falar: “Até 15…mas a dispensa só poderia fazer outra a partir de janeiro de 2016. É uma por ano só que a lei permite. Ela [a lei] disse que se fizer desse outro jeito aí, ela [a lei] vai dizer que você fracionou a despesa. O Tribunal pega… Se não era fácil demais, o cara dividia, realmente dividiam em vários pedacinhos, mas eles [Tribunal de Contas] não aceitam não, eles fiscalizam”.

A primeira fase da cumpriu Operação Déspota cumpriu 30 mandados judiciais e prendeu 16 pessoas, entre elas, o prefeito de Redenção do Gurguéia, secretários municipais, vereadores, advogados e empresários. Eles são investigados por suspeita de fraude, corrupção, superfaturamento e desvio de verbas públicas.

“A partir de agora o Ministério Público vai fazer toda uma análise dos documentos que foram apreendidos. Nós temos provas robustas, tanto que elas serviram de base para o decreto oficial destas prisões de quinta-feira. Não descartamos que outras cidades sejam investigadas”, revelou Rômulo Cordão.

Conforme a investigação, pelo menos 40 pessoas e sete empresas participaram da fraude. De acordo com o promotor, os empresários se aliam a uma gestão municipal e participam do processo licitatório, que deveria ser competitivo para se procurar o melhor serviço, e na verdade burlam este procedimento no intuito de subtrair do erário público.

“São empresas de fachada que não têm capacidade operacional, faturam milhões e não têm funcionários, nem veículos e foram abertas há um ou dois anos. O que chama atenção é que estas empresas, sem nenhuma habilidade e experiência no ramo, de repente chegam e conseguem contratos milionários.  Elas não declaram à Receita Federal e servem apenas para emitir notas para os municípios e o gestor justificar junto ao Tribunal de Contas”, explicou.

Edilson Correia, da CGU, diz que valor ultrapassa os R$ 2,3 milhões em desvios (Foto: Reprodução/TV Clube)

Edilson Correia (Foto: Reprodução/TV Clube)

 

Desvio de R$ 17 milhões
O Ministério Público Estadual do Piauí (MPE) estima que o valor desviado pelo prefeito, empresários e outros gestores públicos, chegue a R$ 17 milhões.

“É um conjunto de evidências já levantadas previamente. A CGU (Controladoria Geral da União) está nesta operação porque também se trata da aplicação irregular de recursos federais. Foram contratações irregulares, fraudes em licitações, uso de notas fiscais frias e a participação de empresas fantasmas”, falou Edilson Correia, da CGU.

Entenda o caso
A operação foi deflagrada no início da manhã da quinta-feira (14). Agentes do Ministério Público do Piauí, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e das Polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal estiveram nos municípios de Redenção de Gurguéia, Teresina e Bom Jesus.

Foram expedidos oito mandados de prisão preventiva, oito mandados de prisão temporária, três de condução coercitiva e onze de busca e apreensão.

As investigações foram desencadeadas depois que a Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Ministério Público Estadual (MPE) descobrirem fortes indícios de corrupção, superfaturamento, emissão de notas fiscais frias, utilização de empresa de fachada e lavagem de dinheiro.

Prefeito e empresários são presos em operação contra corrupção no Piauí (Foto: Ellyo Teixeira/ G1)

Prefeito e empresários são presos em operação contra corrupção no Piauí (Foto: Ellyo Teixeira/ G1)

Fonte: G1/ Piauí

 

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