Garoto de dez anos de Paulistana que improvisou camisa do Vasco com cartolina recebe convite para conhecer o Clube
Administrador em 25 de julho de 2018
Uma foto postada pelo irmão em uma rede social mudou a vida do torcedor vascaíno Otávio Coelho, de apenas dez anos. Em junho, sua imagem com uma camisa cruz-maltina improvisada com cartolina e cola viralizou na internet e o transformou em celebridade virtual. No último fim de semana, o Vasco, com apoio de seu fornecedor de material, bancou a ida do menino e seu pai, Naildo Coelho, ao Rio de Janeiro para conhecer São Januário.
Depois de acompanhar e vibrar com a vitória da equipe por 1 a 0 sobre o Grêmio, Otávio ouviu de muitos torcedores que ele havia se transformado em um talismã para o time. Queriam saber quantas partidas mais ele estaria presente. Com um olhar meio perdido e incrédulo, ele ficava em silêncio.
O menino realizou o desejo de entrar em campo ao lado do goleiro Martín Silva, seu ídolo, e até o técnico Jorginho quis conhecê-lo após o jogo. No encontro, o treinador foi muito carinhoso e disse que Otávio era motivo de inspiração e orgulho. Tímido, o garoto contou ao treinador que a ideia de fazer seu próprio uniforme surgiu após um sonho de que o Vasco enfrentava – e vencia – o Real Madrid. No dia seguinte, uma velha camisa preta, alguns recortes de cartolina e papel de caderno se transformaram em uma camisa do Vasco, com Cruz de Malta, nome, número e até patrocinador.
– É um sonho estar aqui. Nunca imaginei que um dia isso pudesse acontecer. Fiquei muito feliz. Vou levar para vida inteira – afirmou o pequeno vascaíno.
Otávio, torcedor do Vasco, na postagem que viralizou na internet (Foto: Reprodução)
Não era um sonho. Reconhecido por muitos torcedores no estádio, Otávio tirou dezenas de fotografias. Todos queriam um registro com “o menino do Piauí que fez a camisa de papel”. No intervalo, foi colocado nos ombros, e torcedores se aglomeravam em volta dele. O frágil uniforme virou um troféu cultuado por todos.
– Pensei um dia estar na arquibancada. Pisar no gramado, nunca imaginei. Só temos mesmo que agradecer ao Vasco. O Vasco para mim é tudo. Nem tenho palavras – disse o pai Naildo, que iniciou a paixão de Otávio pelo clube.
A primeira visão do mar; “camisa de papel” no museu
O fim de semana inesquecível de Otávio começou no sábado. Ele e seu pai saíram da pequena Paulistana, no interior do Piauí, de cerca de 20 mil habitantes, e foram até Petrolina, em Pernambuco, distante cerca de 170 km. Lá pegaram um avião até o Rio de Janeiro, com conexão em Salvador.
No domingo de manhã, Otávio e seu pai receberam no hotel onde ficaram hospedados a visita do ídolo Carlos Germano, que entregou uma camisa oficial do Vasco para ambos. Depois, pai e filho foram conhecer a famosa praia de Copacabana, e viram o mar pela primeira vez. Se espantaram com a quantidade de pessoas e preferiram ficar em terra firme, sem arriscar um mergulho.
– O normal é um pai levar o filho para viajar. Nesse caso, foi o contrário – disse Naildo, deslumbrado com tudo a sua volta.
Na caminhada pelo calçadão, tomaram água de coco e foram parados por um torcedor com uma camisa do Vasco, que disse a Otávio.
– Você é um orgulho. Manaus te reconhece – disse.
No caminho até São Januário, houve uma rápida parada para conhecer o Maracanã do lado de fora. Eles tiraram muitas fotos perto da estátua do Bellini e também com outros torcedores. Mas o jovem vascaíno estava ansioso mesmo era para chegar à Colina.
Em São Januário, Otávio almoçou no restaurante que fica na sede do clube e participou de um tour completo. Foi na loja, vestiário, sala de imprensa e entrou no ônibus que levou os jogadores ao estádio. No vestiário, o jovem torcedor deu atenção especial ao local onde Martín Silva guarda seu material de jogo.
O último lugar visitado antes de a bola rolar foi a sala do presidente Alexandre Campello, que lhe deu um uniforme com o autógrafo de todos os jogadores e também uma carteirinha de sócio-torcedor. Campello sugeriu que a camisa feita por Otávio com papel e cola fosse emoldurada e colocada no museu do clube. O menino aceitou a ideia.
– Eu nunca podia imaginar que um dia conheceria São Januário, o vestiário… Uma das coisas que mais gostei foi conhecer a sala do presidente – disse Otávio.
Depois de sair de São Januário, pai e filho foram para o aeroporto iniciar o longo trajeto de volta até Paulistana, no Piauí. Na bagagem, Otávio levará muitas histórias para contar e a certeza de que vale muito a pena sonhar. E de que agora ele é mais Vasco do que nunca.
(Reportagem: Globo Esporte/ TV Globo)