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Mãe que foi mantida em cárcere privado teria entregado bebê em troca de moradia e alimentação

em 17 de setembro de 2019

A Polícia Civil do Piauí investiga se a mãe do bebê que teria sido mantida em cárcere privado- iria entregar o recém-nascido em troca de moradia e alimentação.  Natural de Remanso (BA), ela  morou em Parnaíba, no litoral do Piauí, e veio para Teresina nos meses finais da gestação. Na Capital, ela ficou hospedada na casa da mãe de santo Cleia Holanda Pereira que teria dado o bebê ilegalmente a um casal de empresários.

“Nos depoimentos colhidos pela polícia, não foi informado se houve pagamento de uma quantia específica pela adoção ilegal. Segundo o relato da mãe, a mulher [Cleia Holanda] teria oferecido ajuda com comida e residência em Teresina”, explica a delegada Lucivânia Vidal, que investiga o caso.

A mãe do bebê teria conhecido Cleia por indicação de uma amiga de Parnaíba.

“Uma amiga dela de Parnaíba indicou essa mulher [Cleia]. Disse que ela iria ajudá-la na hora do parto, a cuidar da criança e a juntar dinheiro para que ela voltasse para sua cidade na Bahia”, disse a delegada.

O caso começou a ser investigado após denúncia de que a mãe do bebê estava sendo mantida em cárcere privado na casa de Cleia. Ao chegar ao local, os policiais a encontraram, mas o filho recém-nascido não estava na residência e teria sido dado ao casal de empresários supostamente sem o consentimento da mãe.

Tanto o casal como Cleia Holanda foram presos e negam as acusações. Eles aguardam audiência de custódia nesta terça-feira (17).

“O casal chegou a confirmar à polícia militar que a criança era realmente filha da mãe que denunciou. Nos depoimentos à polícia já disseram que não sabiam de nada. Eles se contradizem nas versões”, revelou a delegada.

Pontos chaves na investigação

Com a investigação ainda em fase inicial restam vários pontos a serem esclarecidos. Entre estes, a hipótese que a mãe teria dado o filho para adoção ilegal e se arrependido posteriormente ou que Cleia teria negociado o bebê com o casal. No levantamento preliminar chama atenção o fato da mãe ter dado entrado no hospital para o parto com o nome da empresária.

“Nós prontuários do hospital, no nome da mãe está o da empresária presa, com a qual a criança foi encontrada. A polícia investiga como essa documentação foi formada. A mãe biológica contou que a proprietária da casa [Cleia], onde ela estava, disse que teria que alterar a identidade dela, pois como ela era natural da Bahia, o hospital não ia aceitar”, contou a delegada.

No momento não há indícios de valores em dinheiro para a suposta doação do ilegal do bebê. A mãe e o bebê encontram-se sob tutela da assistência social do Estado.

Cleia nega acusações

Adail Ulisses, advogado de Cleia Holanda, diz que sua cliente é inocente e que “nunca houve essa questão de venda de criança”.

“A intenção da Cleia era ajudar a mãe do bebê. Nunca houve promessa nem pedido de dinheiro. A mãe do bebê é quem queria dar criança e dizia isso pra todo mundo e agora deve ter se arrependido”, disse advogado.

O casal preso foi liberado nesta terça-feira (17). Francisco das Chagas e Ivaneide Filomena já estão em liberdade devendo seguir medidas cautelares. A decisão se deu após audiência de custódia e foi firmada pela juíza de 1° Grau do Tribunal de Justiça do Piauí, Patrícia Vasconcelos.

No entanto, foi homologada pela Justiça a prisão preventiva de Cleia Holanda, proprietária da residência onde a mãe da criança foi encontrada após denúncia de cárcere privado.

Presos são liberados

O casal liberado, que chegou a ficar com a criança em sua residência na Sul de Teresina, deverá seguir medida cautelar de não manter contato com a criança recém-nascida e com Naira, mãe da menina. “Afastamento da vítima Naira de Sousa Cabral e da filha desta”. Francisco e Ivaneide também devem comparecer em juízo bimestralmente.

A Justiça não homologou a prisão em flagrante dos três suspeitos, solicitada pela Central de Flagrantes de Gênero “tendo em vista o flagrante não preencher os requisitos formais”, diz a juíza na decisão .

 A investigação segue e ficará a cargo da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.

“Esse inquérito policial se encontra hoje na DPCA que tem o prazo de 10 dias para fazer o relatório e entregar na Justiça. É um caso isolado, mas não podemos descartar nada nesse primeiro momento”, informou o delegado Matheus Zanatta sobre a possibilidade de outros crimes relacionados.

Fonte: Cidade Verde

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