No Piauí, presídios com baixo número de agentes penitenciários põe segurança em risco
Denuncia foi feita por agentes que compõe os quadros do estado e que preferiu não se identificar
Isadora Freitas em 16 de setembro de 2019
Um déficit no efetivo dos presídios no Piauí coloca em risco a segurança e saúde de presos e agentes penitenciários. De lados opostos das grades, agentes e presos compartilham problemas causados pelo não preenchimento de vagas necessárias nos quadros da Secretaria de Justiça do Estado.
Agentes relatam viver uma rotina de perigo, sem funcionários suficientes para manter os procedimentos de segurança indicados para lidar com presos, em tensão constante desde a transferência de detentos perigosos. Os agentes têm funções de retirar presos de celas superlotadas para audiências e para atendimento em unidades de saúde.
Ao OitoMeia, um agente penitenciário, que preferiu não se identificar por medo de represália, denunciou a situação do sistema prisional. Ele cita a inauguração da Cadeia Pública de Altos que será inaugurada no dia 23 de setembro.
“Temos 38 agentes esperando a convocação e mais 166 agentes esperando o curso de formação. Essa Cadeia Pública de Altos têm que existir no mínimo com 80 agentes e o governo do Piauí não fez nomeação para essa cadeia. Já vai tirar de onde não tem. Tudo isso agrava. É um complicador que pode causar um conflito mais na frente. Sem falar na carga de trabalho dos servidores, que já é pesada”, denunciou o agente.
Segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sinpoljuspi), o desgaste emocional leva muitos profissionais da área a adoecer e denunciam que faltam até mesmo motoristas para escolta de presos quando existe uma situação de emergência.
GOVERNO DO ESTADO
O governador Wellington Dias agendou, nesta segunda-feira (2), a data de inauguração da Cadeia Pública de Altos. A solenidade ocorrerá dia 23 de setembro. A definição se deu em audiência com o secretário de Estado da Justiça, Carlos Edilson, e diretores da Sejus. A nova unidade consolida o avanço no sistema prisional e será a maior do estado, com capacidade para 604 presos.
“Teremos modelagens cada vez mais caminhando para ressocialização, trabalho, educação, religião, integração com a família, esporte, cultura. Um sistema onde pessoas privadas de liberdade possam trabalhar”, ressaltou Wellington Dias.
O novo presídio é composto por módulos de saúde, educação, visita íntima, laboratório de informática, biblioteca, além de espaço para trabalho. O investimento na construção foi de R$ 30 milhões. O presídio receberá presos classificados como alto risco e terá uma sistemática de procedimentos diferenciados de segurança.
“Levando o alto risco pra Cadeia de Altos, onde haverá uma segurança bem maior, eu posso trabalhar melhor o médio e baixo riscos. Vamos equilibrar o número de presos no sistema”, pontuou Carlos Edilson, secretário de Justiça.
A Cadeia Pública de Altos é uma alternativa importante para reduzir o déficit de vagas no sistema prisional do Piauí. O governo estuda ainda o chamamento de mais 43 agentes penitenciários aprovados no último concurso, caso se encerre a restrição no percentual estabelecido para gastos com pessoal, na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Fonte: OitoMeia