Mãe diz que filho adolescente foi executado pela PM no PI: ‘mandaram eu parar de escândalo’
Carmo Neto em 28 de agosto de 2020
Foto: Reprodução
A mãe de um dos adolescentes mortos pela Força-tarefa como um dos envolvidos na morte do policial militar Lídio Mesquita, afirmou, em entrevista à TV Clube, que o filho Pedro Santos, de 16 anos, foi executado no quintal de casa, sem chance de defesa. De acordo com Izabel Santos, não houve confronto, contrariando a versão da Força-tarefa da Secretaria de Segurança Pública (SSP-PI). O órgão afirmou em nota que o caso está sob investigação. Leia o comunicado na íntegra ao fim da reportagem.
“Eles chegaram dizendo que era polícia, mandaram eu calar a boca e parar de escândalo. Meu filho não tinha arma, meu filho nem correu”, disse a mãe da vítima. A mãe de Pedro disse que perdoa os policiais, mas relatou com tristeza como o filho foi levado para o hospital depois de ser baleado. Segundo ela, o garoto foi levado como um animal.
“Ouvi foi meu filho gritando e pedindo socorro. A gente só ouviu os tiros, a gente queria ir pra lá, mas não deixaram e saíram por aí como se meu filho fosse um porco”, relatou Izabel Santos. A mãe contou que o filho foi pego pelos braços, pelas pernas e jogado em cima da viatura. “Um menino de 16 anos pegar seis tiros? Não tiveram sabedoria, agiram por impulso. A polícia é para investigar e prender”, disse.
“Por que não prenderam e levaram, e não matar? Executaram ele”, lamentou a mãe do adolescente. Após o ocorrido, a Força-Tarefa da SSP declarou que houve confronto com os suspeitos e afirmou que os policiais agiram em legítima defesa.
A Polícia Militar chegou a afirmar que Pedro, filho de Izabel, foi identificado como o autor dos disparos pela roupa que, supostamente, teria utilizado no dia do crime. A mãe nega. “Não tinha nada a ver. Ele chegou a fazer pequenos furtos de celular, não nego, foi apreendido, mas matar nunca”, disse a mãe. A Polícia Civil confirmou que Pedro não teve participação na morte do PM após a prisão dos verdadeiros suspeitos de praticar o latrocínio.
Rafael Santos, irmão de Pedro, contou na entrevista que o irmão chegou a ver viaturas na casa de Lucas, o outro jovem morto, mas não fugiu e continuou em casa. “O senhor acha que alguém que tivesse matado um policial e tivesse visto um monte de viaturas na casa do comparsa, porque disseram que foram eles dois, não iria fugir, mas voltar para casa?”, questionou.
Nesta semana, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, confirmou que Pedro e Lucas não tiveram participação na morte de Lídio Mesquita após os verdadeiros acusados de praticar o latrocínio contra o PM serem apreendidos e confessarem o crime. O Ministério Público e a Polícia Civil irão investigar a morte por engano dos primeiros suspeitos do crime, após a confirmação de que não tiveram participação na morte do policial.
De acordo com o promotor de justiça Assuero Stevenson, as denúncias dos parentes são graves e requerem uma apuração minuciosa. “Espero que tenha uma investigação profunda, afinal de contas dois seres humanos foram eliminados. E tomara que não seja como disse a mãe. Porque se for, é triste isso ainda acontecer nos dias atuais”, declarou o promotor.
Nota da SSP-PI: Acerca da ocorrência policial do dia 24/07/2020, os dois suspeitos vieram a óbito após reação contra a equipe de policiais. Toda intervenção policial que resulta em morte é devidamente apurada pelos órgãos competentes.
Via G1 PI