Após 4 meses, somente metade dos idosos tomaram 2 doses da vacina no Piauí

Carmo Neto em 03 de junho de 2021

Quatro meses após o início da vacinação contra a Covid-19 no Piauí, somente a metade dos idosos foram vacinados com as duas doses, considerando todos os imunizantes. São menos de 214,5 mil pessoas acima dos 60 anos, ou 50,3% do total desse público. Isso revela um desafio ainda maior para que a campanha de vacinação consiga chegar a maior parcela da população: a formada pelos adultos até 59 anos. Especialistas estimam a conclusão só em 2023 e temem uma terceira onda da doença.

Os números foram copilados pelo blog “Em Pauta” a partir da base de vacinados disponível no Painel Epidemiológico da Covid-19, publicado diariamente pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesapi), onde estão registradas todas as doses administradas e aplicadas no Piauí. Conforme os dados, a faixa etária mais avançada é acima de 90 anos, com 90,7% do público com as duas doses. Já os idosos de 60 a 64 anos tem o menor percentual: 4,1%.

Apenas metade dos idosos taram as duas doses da Covid-19 no Piauí 

É verdade que parte dessas pessoas, principalmente das faixas acima dos 65 anos, ainda aguarda chegar o momento correto de tomar a segunda dose. Mas, também há uma boa parcela que não completou sua imunização. De todos os idosos que já tomaram a vacina no Estado, pelo menos 4,5 mil pessoas estão com a 2ª dose em atraso, segundo o último levantamento do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Piauí (Cosems-PI). São piauienses de sete municípios.

“São piauienses de sete municípios. Já comunicamos ao Conselho Nacional, que por sua vez já comunicou ao Ministério da Saúde”, destacou Leopoldina Cipriano, vice-presidente do Cosems-PI, acrescentando que quase a totalidade dessas vacinas que estão em falta é da CoronaVac. A última remessa do imunizante chegou ao Piauí no dia 14 de maio e, conforme a Sesapi, ainda não tem previsão de um novo lote chegar. Essa semana, chegaram mais 96,1 mil doses, porém da Pfizer e AstraZeneca.

O público contemplado, nesse novo lote de distribuição, com as vacinas da AstraZeneca são: 16,7% do grupo de pessoas com comorbidades e deficiência permanente e 20% do público Trabalhadores da Educação do Ensino Básico, todos para a primeira dose. Já as da Pfizer serão destinadas à vacinação de 2% do grupo de pessoas com comorbidades, deficiência permanente, gestantes e puérperas com comorbidades e 10 % dos trabalhadores de transporte aéreo. Ou seja, todas para primeira dose.

Ao analisar outros públicos, ampliando para todo o grupo prioritário que já recebeu a vacina no Piauí, percebe-se que o percentual cai para 47,6% de pessoas completamente imunizadas. Entende-se como grupo prioritário os profissionais de saúde, os idosos acima de 60 anos, as grávidas, os indígenas, entre outras categorias incluídas recentemente. No  geral, pouco mais de 602,1 mil piauienses já tomaram a primeira dose e 287 mil deles já tomaram as duas doses. A taxa de população vacinada não chega a 9%.

Segundo o doutor em biologia nuclear Emídio Marques, pesquisador do grupo de trabalho da UFPI e Fiocruz, o problema é que as vacinas não foram compradas a tempo e em quantidade. “ A demora da imunização completa mostra que à medida que vamos descendo mais na pirâmide, mais tempo demora para cobrir a faixa etária por conta da quantidade de pessoas em cada faixa”, disse, pontuando que brasileiros estão morrendo de uma doença para a qual já existe vacina em um país que, historicamente, é exemplo para o mundo em campanhas de vacinação.

Fonte: Meio Norte