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Em Floriano, Hospital Regional usa corticoide e tem resultados positivos contra Covid-19

em 12 de maio de 2020

O diretor técnico do Hospital Regional Tibério Nunes, médico Justino Moreira, fala dos bons resultados de recuperação dos pacientes com a Covid-19 em Floriano a partir do uso do corticoide injetável na segunda fase da doença.  Ele comenta que o tratamento tem como base o conhecimento adquirido de médicos espanhóis que estão na linha de frente da doença em Madri.

Corticoides são hormônios que possuem ação anti-inflamatória, muito utilizados no tratamento como asma, alergias, artrite reumatoide, lúpus e outros.

Justino Moreira explica que a primeira semana da doença é o período em que o vírus está circulando no corpo, podendo apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, náuseas, vômitos, a falta de gosto e de cheiro.  “A partir desse momento, a gente tem introduzido aqui em Floriano medicações como a hidroxocloroquina de forma precoce. Não temos dados para saber se tem uma evidência boa, mas é o que a gente vem usando no momento”.

“O que nós temos fazendo com o sucesso é o tratamento na segunda semana. Estamos recebendo pacientes com alterações na anatomia dos pulmões. Nós temos feito uma corticoperapia, que é a aplicação de um antiflamatório potente na veia que regride a lesão, diminui a inflamação,  e o paciente tem dito respostas imediatas. Em torno de 24 horas depois os pacientes melhoram bastante. Esse tratamento dura de 3 a 5 dias. Os pacientes estão sendo liberados para casa, graças a Deus, assintomáticos, sem apresentar nenhum sintoma”.

Sobre o tratamento na segunda fase, Justino Moreira esclarece que “essa experiência não é de protocolo oficial, ainda está se documentando. Clinicamente os resultados são espetaculares”.

“Em Madri (capital da Espanha) são mais de 50 hospitais, lá todo dia pela manhã, os médicos de cada hospital se reúne para discutir essa doença (Covid-19), e meio dia os diretos clínicos também. Então, eles foram construindo esse pensamento ao longo desse período de pandemia e, isso, conseguiram testando, conseguiram chegar a essa resposta do corticóide injetável na veia na segunda semana. Quando eles conseguiram acertar a mão: a mortalidade de 20% caiu para em torno de 1 a 2%. De forma que eles passaram esse conhecimento adquirido para a gente e estão publicando os resultados”.

Outro olhar 

Já o médico infectologista Kelson Veras afirma que a Covid-19 é “uma doença nova, mas que causa uma síndrome velha do conhecimento médico, que é a Sepse. A Covid viral causa uma pneumonia viral e essa pneumonia pode ou não se transformar em uma Sepse viral. Nós até hoje não temos nenhum tratamento para a sepse, seja causa da por bactéria seja causa por vírus. Os corticóides já foram testados, estudos mostraram que eles aumentam a mortalidade. Então, é válido que se continue pesquisando, que se continue investigando, porém o que nós temos de informação no momento é que os corticóides não são uma boa opção no contexto da sepse”.

Kelson Veras acrescenta que embora não seja um estudioso específico de ética na pesquisa científica, ele não vê como algo impeditivo “tentar usar o corticóide em uma situação como os colegas estão tentando no protocolo. Espero apenas que a necessidade seja dentro de um contexto de estudo, ou seja, trabalho apresentado no comitê de ética e o protocolo disponível para as entidades médicas. Me parece que dentro desse contexto é aceitável”.

Ele cita que o Brasil e o mundo possuem sociedades que reúnem a “nata” do que há de melhor em termo de pesquisadores, como a Sociedade Brasileira de Infectologia, Associação de Medicina Intensiva, Sociedade Americana de Doenças Infecciosas e o Colégio Americano de Cuidados Críticos.

“Essas quatro entidades, sem falar da Organização Mundial de Saúde e o Centro de Controle de Doenças Norte Americano, reconhecem que nós não temos um tratamento eficaz para a Covid-19. De todas as sociedades que falei nenhuma nos forneceu orientações ou diretrizes sobre usar determinado tipo de medicação para mudar a evolução da Covid-19. Eles ainda não deram porque ainda não há base científica apoiando isso”.

Veras cita ainda que uma medicação tem ganhando destaque, que é a remdesivir, considerada uma das mais promissoras contra a Covid-19. “Assim como o estudo da hidroxocloroquina, o estudo do remdesivir também foi publicado na revista médica mais conceituada do nosso planeta. Ele mostrou alguma melhoria, nada fantástico, mas motivou liberar o uso nos Estados Unidos. A ciência está aberta a tudo. A ciência só não é aberta ao obscurantismo. A ciência só não é aberta a você defender uma opinião sua mesmo sem você ter evidências fortes e contra a opinião dominante dos mais renomados especialistas do planeta”.

Fonte: Cidade Verde

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